
Aproximadamente 45,6 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, segundo o último Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Destes, 13,2 milhões têm deficiência motora e outros 35,7 milhões, deficiência visual. Apesar dos números expressivos, as pessoas com deficiência ainda enfrentam problemas simples, como a falta de uma roupa adequada às suas limitações.
Atentas a essas necessidades, duas estudantes de Moda da Universidade Estadual de Maringá (UEM) desenvolveram projetos de moda inclusiva, que tem como objetivo facilitar o dia a dia e garantir autonomia aos deficientes. Mesmo que funcional, a moda é capaz de criar identidade e integrar um indivíduo socialmente, de forma adequada a cada ocasião. Os públicos-alvo das duas estudantes são crianças e adultos com paralisia cerebral e mulheres cegas.
Troca de roupa
Em quase dois anos de pesquisas dedicadas a um projeto de iniciação científica, Caroline Veronez, aluna do 3.º ano, desenvolveu peças exclusivas para pessoas com paralisia cerebral. As peças foram estudadas para atender diferentes tipos de comprometimentos motor. Em comum, o público-alvo da estudante tem a pouca flexibilidade, o que dificulta a troca de roupa.
Caroline precisou desenvolver peças com aberturas laterais, de fácil remoção, mas que fossem confortáveis. No entanto, soluções que inicialmente pareciam razoáveis se mostraram inadequadas. "Achava que se criasse blusas com aberturas frontais, com zíper, iria facilitar a troca da roupa." Mas Caroline percebeu que fechos metálicos poderiam causar machucados. "Quem tem paralisia cerebral dificilmente consegue sustentar a coluna e a cabeça. Por isso, o zíper poderia criar um atrito e ferir a pele."
A mãe de um dos voluntários do projeto, Fátima Sodi, conta que em dias de muito frio, o filho Thiago só conseguia sair de casa enrolado numa coberta. "A gente não consegue colocar uma blusa sobre a outra porque os membros dele são muito rígidos." Caroline aponta o caso de Thiago como um dos exemplos da necessidade de adotar a moda inclusiva na vida dos deficientes. "Além de proteger do frio, a roupa adequada é capaz de integrá-lo socialmente também."
Já a estudante do 4.º ano de Moda da UEM Apoena Caicy desenvolveu um projeto para mulheres cegas. Segundo Ana Caroline Martins, orientadora do projeto, o objetivo é dar autonomia a essas mulheres e resgatar memórias. A estudante desenvolveu estampas em braile, combinou tecidos de texturas diferentes e cheiros. "A Apoena utilizou a sinestesia para resgatar imagens gravadas na memória dessas mulheres", explica a professora.



