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Em 60 anos, número de mestiços cresceu 81%

Quantidade de idosos dobrou no país entre 1940 e 2000

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Assista à reportagem em vídeo (Foto: TV Globo)

Rio – Em 60 anos, de 1940 a 2000, a proporção de pessoas que se declararam pardas na população brasileira aumentou 81%. No mesmo período há redução na proporção dos que se autodeclaram brancos (-15,3%) e pretos (-51,5%). Os números expressam o processo de miscigenação racial no país nestas seis décadas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apresentou ontem o estudo "Tendências Demográficas: uma análise da população com base nos resultados dos censos demográficos de 1940 e 2000".

O estudo mostra acentuadas mudanças na fisionomia do Brasil. Entre 1940 e 2000 a população cresceu quatro vezes – de 41,2 milhões para 169,8 milhões. Se em 1940 menos de um terço morava nas cidades (31,3%), em 2000 a imensa maioria tinha endereço urbano (81,2%). A população envelheceu. Os idosos (60 anos ou mais) representavam 4,1% da população em 1940 e já chegavam a 8,6% dos brasileiros em 2000. Em 1940, os solteiros (51,6%) superavam os casados (38,5%). Sessenta anos depois a proporção inverteu-se – há mais casados (49,5%) do que solteiros (42,2%).

Mudaram consideravelmente as crenças religiosas. Os evangélicos cresceram de 2,6% para 15,4% da população, caiu o número de católicos de 95% para 73,6% e os ateus passaram a 7,4% da população. O país era majoritariamente analfabeto nos anos 40 (56,8%). Em 2000, a taxa de analfabetismo foi de 12,1%. Curiosamente em números absolutos havia tantos analfabetos em 1940 quanto em 2000: 16,4 milhões.

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O levantamento detecta uma tendência clara na paisagem racial do país. As pessoas que se declararam brancas (26,119 milhões) representavam 63,4% da população em 1940. Sessenta anos depois, a proporção caiu para 53,7% (91,298 milhões). Em 1940, 6,021 milhões (14,6%) se declararam pretos, ante 10,554 milhões (6,2%) em 2000. Os autodeclarados pardos eram 8,744 milhões (21,2%) em 1940 e chegaram a 65,318 milhões (38,5%) em 2000.

Para o coordenador de População e Indicadores Sociais do IBGE, Luís Antônio Oliveira, o crescimento dos pardos "é explicável pela questão da miscigenação". Ele citou a influência na classificação de ideologias em voga no país. "Em 1940, havia enorme predisposição para declaração de cor branca. O ideal de embranquecimento era forte", disse.

Doutor em História, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Manolo Florentino, concorda com a avaliação do IBGE. "Que ninguém se surpreenda com o fato de a classificação preto estar em decréscimo, porque é uma tendência histórica desde o fim do tráfico de escravos", declarou.

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