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Sentença do caso João Roberto deve sair ainda hoje

O cabo da Polícia Militar William de Paula, suspeito de matar o menino João Roberto, de 3 anos, em julho deste ano, na Tijuca, na Zona Norte, prestou depoimento pela primeira vez nesta quarta-feira (10), durante julgamento no 2º Tribunal do Júri da Capital, no Centro do Rio. Ele disse que o caso foi uma fatalidade e que foi levado ao erro.

No depoimento que começou às 13h20, o policial contou que no dia 6 de julho estava na área do Grajaú e Morro dos Macacos, na Zona Norte do Rio, quando ouviu um chamado pelo rádio, pedindo reforço nas proximidades da Rua José Higino. Ao chegar, junto com o soldado Elias, que dirigia o carro, ele viu um carro Fiat Stilo preto ultrapassando um sinal de trânsito na Rua Uruguai, e decidiram segui-lo.

De acordo com o PM, os suspeitos atiraram contra o carro da polícia e eles revidaram, dando início ao tiroteio. A perseguição seguiu pela Rua General Espírito Santo Cardoso onde, segundo o cabo, o fuzil falhou. Por isso, eles diminuíram a velocidade.

Ao trocar o carregador da arma, ele viu um carro parado. Willian saiu do carro e efetuou um disparo de advertência, que atingiu um carro parado na rua. Segundo ele, um segundo disparo foi feito na direção do pneu.

O cabo admitiu que durante a troca de tiros é possível que o carro da Alessandra Soares (mãe de João Roberto) tenha sido atingido. Mas ressalta que só efetuou dois disparos, porque achou que fosse o veículo dos suspeitos. Mais cedo em depoimento Alessandra negou que tenha ocorrido perseguição.

Os advogados de defesa questionaram sobre o preparo do policial, que afirmou estar há três anos sem cursos de reciclagem. Ele disse ainda que tinha recebido instruções de abordagem, mas concorda que o trabalho na prática é bem diferente.

Mãe depõe

A mãe do menino João Roberto, Alessandra Soares prestou depoimento durante uma hora. Grávida, ela contou que apenas escutou disparos quando se abaixou dentro do carro depois de ter dado passagem à viatura da polícia, na ocasião do crime. Após a cena, ela percebeu que era o alvo dos agentes.

Alessandra disse também no depoimento que o marido, o taxista Paulo Roberto Barbosa Soares, não consegue mais trabalhar direito desde o episódio.

Abordagem dos policiais não foi correta

O segundo depoimento foi o do tenente-coronel Rogério Leitão, Relações Públicas da Polícia Militar. O PM disse que pelo manual da Corporação a abordagem dos policiais ao carro suspeito não foi correta. Os PMs não deveriam ter efetuado disparos de arma de fogo em um alvo desconhecido, já que não havia identificação de quem estava no veiculo.

"Ainda que os ocupantes fossem identificados o cerco deveria ter sido feito de outra maneira e sem utilizações de arma, já que a rua onde aconteceu o fato é de movimento" explicou o tentente-coronel.

Antes do depoimento foi exibido um vídeo da câmara de segurança de um prédio da rua, que mostra os PMs atirando no carro de Alessandra.

Camiseta do filho

O julgamento começou com cerca de uma hora de atraso. A demora

ocorreu porque a mãe de João Roberto teve que sair para trocar a blusa que usava homenageando o filho para poder prestar depoimento.

A mulher do policial, Glaucia Benedita de Paula, também está presente com uma blusa com a foto do marido. Ela afirmou que respeita a dor da família do menino.

"O que houve foi uma fatalidade durante uma perseguição policial numa rua escura. Meu marido trabalha há 10 anos como policial, e ele não saiu de casa naquele dia com o intuito de matar uma criança", disse ela.

De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), os dois policiais também foram denunciados pelos crimes de tentativa de homicídio contra a mãe e o irmão de João Roberto.

Como foi o caso

João Roberto foi atingido por três tiros – sendo um deles na cabeça – dentro do carro da mãe, na noite do dia 6 de julho, na Rua General Espírito Santo Cardoso, na Tijuca, Zona Norte. Alessandra voltava para casa com João e Vinícius, então com 9 meses, quando parou seu carro para dar passagem à patrulha da PM. Os policiais disseram na época que teriam confundido o carro de Alessandra com o carro de criminosos (um Fiat Stillo) que estavam perseguindo e atiraram.

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