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Atualizado em 1/11/06 às 19h05

O policial civil Délcio Augusto Rasera, preso há quase dois meses pela Promotoria de Investigações Criminais (PIC) acusado de fazer interceptações telefônicas ilegais, afirmou na tarde desta quarta-feira (1º), no fórum de Campo Largo, região metropolitana de Curitiba, que não fazia grampos e sim apenas "varreduras". A informação foi dada pelo advogado de defesa, Luiz Fernando Comegno, que acompanhou o depoimento de seu cliente.

Segundo a defesa, Rasera utilizava seu conhecimento para realizar varreduras em linhas telefônicas para verificar se haviam escutas clandestinas. Tudo a pedido de clientes particular. Para o governo, o policial civil disse que trabalhava como investigador para desbaratar fraudes contra o estado. Ele teria, em um de seus trabalhos, desvendado um esquema de corrupção em uma desapropriação de terra, onde seriam realizadas obras da Sanepar. O valor de sua descoberta chegaria a R$ 20 milhões.

"Os advogados não tiveram acesso às provas. A PIC diz que tem, mas não mostra, só diz nos relatórios", defende Comegno. Além de Rasera, outras seis pessoas presas, que tiveram alguma relação com os grampos, seja como mandante ou instalador, foram ouvidas.

Uma das pessoas indiciadas pela PIC é o advogado Luiz Fernando Comegno, que defende Rasera nos processos de grampo e do porte ilegal de diversas armas apreendidas nos escritórios do policial civil.

A prisão de Rasera ganhou destaque em decorrência da suspeita de um possível envolvimento com o governo do estado e até mesmo com o governador reeleito Roberto Requião. Rasera, como o próprio policial afirmou em depoimento, se apresentava como assessor especial de Requião - como mostrou a reportagem exclusiva da Gazeta do Povo.

Outro depoimento que levanta suspeita de envolvimento de Rasera com o governador é do técnico de telefonia Juraci Pereira de Macedo. No depoimento, em que a Gazeta do Povo teve acesso, o técnico diz que Requião pediu à Rasera para grampear o irmão, Eduardo Requião, que na época estava brigado com o outro irmão, Maurício. De acordo com Macedo, a escuta foi instalada em um endereço de Eduardo na época.

As suspeitas não param por aí. No mês da prisão de Rasera, em setembro, a Gazeta do Povo mostrou um orçamento da empresa Polsec, de Minas Gerais, especializada em segurança telefônica, onde o destinatário era Roberto Requião, Délcio Augusto Rasera e José Eduardo Ferreira Gonçalves dos Reis, cunhado do policial, e hoje assessor de Eduardo Requião, no Porto de Paranaguá. Veja em vídeo a chegada de Rasera no fórum de Campo Largo.

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