Um dos traficantes mais conhecidos do Brasil é o primeiro "hóspede" da Penitenciária Federal de Catanduvas, na Região Oeste do Paraná. Luís Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi transferido na madrugada de ontem para ocupar uma das 208 vagas do presídio de segurança máxima inaugurado há 27 dias. Um dos principais líderes da facção criminosa carioca Comando Vermelho, Beira-Mar veio da carceragem da sede da Polícia Federal de Brasília, onde estava preso desde 24 de março, em uma operação sigilosa executada pelo Comando de Operações Táticas da PF.
A chegada de Beira-Mar a Catanduvas levanta a curiosidade e a expectativa para saber quem serão os próximos criminosos a ocupar as demais vagas do presídio. O governo já teria levantado o nome de quase 150 detentos problemáticos de todo o Brasil, que devem ser transferidos nos próximos dois meses. Dez estados já consultaram o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) sobre os procedimentos a ser tomados em transferências. Cinco deles Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Espírito Santo e Pernambuco já teriam feito solicitações oficiais para enviar presos a Catanduvas.
Por questão de segurança e para não criar um clima de instabilidade dentro de presídios, a assessoria do Ministério da Justiça não divulga o número de pedidos, nem as unidades em que os presos estão lotados. Apesar de o estado de São Paulo não aparecer nessa primeira lista, foi pedido o aumento da cota de 40 para 45 vagas. É lá que se encontram alguns dos presos mais temidos do país, como Marcos Willian Herbas Camacho, o Marcola, apontado pela polícia como o principal chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC); Orlando Mota Júnior, o Macarrão; Cláudio Carvalho, o Polaco; e Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue.
O pedido da transferência de Beira-Mar foi feito pela superintendência da PF e intermediado pelo Depen. A autorização partiu da 1.ª Vara Federal Criminal de Curitiba na noite de anteontem. Segundo funcionários do Aeroporto de Cascavel, o avião Cessna Caravan C-208 da PF que trouxe Beira-Mar pousou no local por volta de 1h30.
O serviço de tráfego aéreo só teria sido avisado sobre a chegada do avião cerca de 15 minutos antes da aterrissagem. Carros federais descaracterizados fizeram a escolta do traficante até a penitenciária, localizada a 55 quilômetros de Cascavel. No trajeto, Beira-Mar teria tentado conversar com os agentes federais e o delegado que o acompanhavam. A operação foi concluída por volta das 3 horas.
No presídio, Beira-Mar passou por uma triagem, foi identificado com o número 001 e recebeu o uniforme padrão dos detentos, de cor azul. Segundo a assessoria do Ministério da Justiça, o traficante ocupa uma cela comum, de sete metros quadrados. Ele deve ficar nesse espaço por um ano e o período pode ser prorrogado por mais 12 meses. A unidade penitenciária federal também tem celas para presos que cumprem Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), que estabelece regras mais rígidas.
Essa foi a oitava operação de transferência sigilosa de Beira-Mar desde fevereiro de 2003, quando o traficante ficou sob custódia do governo federal. Ele foi transferido do Complexo de Bangu I, no Rio de Janeiro, para carceragens da Polícia Federal. Entre as sedes da PF por onde ele já passou estão as de Maceió (AL) e Florianópolis (SC). Segundo o Ministério da Justiça, todas as transferências para Catanduvas serão feitas em operações sigilosas.



