• Carregando...
Ato público dos agentes foi realizado pela manhã em frente ao Complexo Penal de Piraquara | Aniele Nascimento / Agência de Notícias Gazeta do Povo
Ato público dos agentes foi realizado pela manhã em frente ao Complexo Penal de Piraquara| Foto: Aniele Nascimento / Agência de Notícias Gazeta do Povo

Governador diz que rebeliões em presídios foram isoladas

O governador Beto Richa (PSDB) disse nesta quarta-feira (14), em entrevista à Rrdio BandNews FM Curitiba, que os 12 motins no Complexo Penitenciário de Piraquara deste ano foram episódios isolados.

Richa fez a afirmação enquanto defendia a medida de acelerar a transferência de 1,2 mil presos das delegacias de Curitiba para o presídio da RMC, que motivou o protesto dos agentes penitenciários. O governador defendeu que a chegada dos novos detentos não vai provocar novas rebeliões porque o complexo foi preparado para receber os presos.

Ele também citou obras de ampliação ou construção que devem ser feitas em 20 unidades prisionais do estado. Sem dar prazo, ele prometeu que serão geradas 5356 novas vagas no estado, distribuídas da seguinte forma: 2315, no complexo de Piraquara; 1315, em Foz do Iguaçú; 794, em Londrina; 334, em Cascavel; 598, em Campo Mourão.

Um protesto de agentes penitenciários do Paraná fecha o portão do Complexo Penitenciário de Piraquara, região metropolitana de Curitiba, durante esta quarta-feira (14). A intenção é impedir a entrada de qualquer pessoa no local, inclusive visitas, advogados ou até mesmo novos presos. A previsão dos manifestantes é que as atividades sejam normalizadas apenas nesta quinta-feira (15).

Um ato público dos agentes é realizado pela manhã em frente ao complexo, com cerca de cem pessoas. Durante a tarde, o portão deve continuar fechado por determinação do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen). A entidade promove a manifestação por ser contrária à decisão do governo do estado de, a toque de caixa, transferir 1,3 mil presos das delegacias para presídios do estado.

A Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju), por sua vez, reforçou a posição de que a manifestação é um direito que assiste a classe. A Seju não comentou, entretanto, sobre os possíveis desdobramentos da paralisação e afirmou que o governo irá seguir com a decisão de transferir os presos. Está prevista para esta quarta-feira (14) a chegada de 52 presos ao complexo. Nesta terça (13), 52 detentos do 11º e 12º distritos foram levados ao local em Piraquara. De domingo até agora, 100 presos já foram transferidos.

O protesto

De acordo com Antony Johnson, presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), a categoria está mobilizada em defesa da dignidade dos agentes, dos presos e de suas famílias. "É uma atitude irresponsável do governador e da Secretaria de Segurança Pública. Se os presos forem transferidos para cá, haverá superlotação, os agentes ficarão vulneráveis e os presos também vão ficar insatisfeitos. Os riscos de rebeliões e fugas vão aumentar, vai haver carnificina", afirmou o presidente do Sindarspen.

Johnson também ressaltou que o complexo já enfrenta problemas de abastecimento de alimentos, água e materiais de higiene, e que o complexo não possui estrutura física para receber novos detentos. A Seju rebate a informação e diz que tudo foi preparado no presídio para receber os novos detentos.

A categoria inicia nesta quinta-feira (15) uma campanha estadual contra as transferências e, para os próximos dias, vai organizar uma assembleia geral para decidir os passos seguintes. Além disso, os agentes tentam articular uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná para debater a superlotação.

Ao lado da concentração dos agentes, familiares de presos aguardavam pelas visitas. Marcia Moreira, mãe de um detento, afirmou que as famílias também estão apreensivas e são contra a transferência para o complexo. "Estamos com medo de rebelião. Se todos esses presos vieram para cá, o complexo vai virar um Carandiru", disse.

Entenda o caso

Após a rebelião ocorrida no último domingo (11) na Delegacia de Colombo, que resultou na fuga de dois detentos e na morte de um agente carcerário, o governador Beto Richa (PSDB) determinou a transferência de presos custodiados das delegacias metropolitanas e da capital para o sistema penitenciário do estado.

A medida foi tomada cerca de três meses após o anúncio do plano conjunto entre as secretarias de Estado da Segurança Pública (Sesp), da Justiça (Seju) e da Vara de Execuções Penais (VEP) para o esvaziamento das carceragens. O pacto prometia transferir todos os detentos de distritos policiais, começando pela capital. As delegacias da região metropolitana, porém, têm registrado frequentemente casos de superlotação.

Em nota divulgada na tarde do último domingo (11), o governo do estado informou que o processo estaria acontecendo de modo escalonado, mas foi adiantado por causa da fuga. O documento dizia que a determinação do governador era pela imediata retirada dos presos das delegacias, a começar por Colombo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]