São Paulo A família de Márcio José Borba de Mello protagoniza um dos muitos processos judiciais com passagens rocambolescas contra o casal Hernandes, da Igreja Renascer. Depois da morte do piloto, eles descobriram que a igreja não recolhia FGTS e entraram com ação trabalhista reclamando os direitos de Mello. Foram procurados por advogados da Renascer e aceitaram a oferta de indenização paga em dez meses. Mas o primeiro cheque estava sem fundos. A viúva do piloto, então, voltou à Justiça. O imbróglio jurídico entre as partes, no entanto, deve ir além. Wilson Rogério Constantino Martins, advogado da família, promete: "Vou me habilitar para ser assistente de acusação do processo que apura a morte dele, em Atibaia. Além da ação penal, pretendemos entrar com ação por danos morais", diz ele.
O defensor promete embasar os processos com o que acredita ser uma coleção de evidências de que a responsabilidade dos bispos no acidente deve ser apurada e de que, após a sua morte, eles agiram para prejudicar seus familiares.
Aos dez minutos do dia 25 de dezembro de 2005, Márcio voltava da segunda viagem da noite ao haras Agropastoril quando a prancha do helicóptero patinou em um morro, escorregou e o aparelho se espatifou. Boletim de Ocorrência feito em Atibaia, um mês depois, mostra que Laércio dos Santos, o bispo Lalá, procurou a delegacia, disse ser dono da empresa de segurança Radar e afirmou que o piloto era seu contratado. Para o advogado, foi uma maneira de dizer que o piloto não tinha vínculos empregatícios com a igreja ou seus fundadores feita para evitar eventuais tentativas de responsabilizá-los pelo acidente.
A tese é defendida também pela Mapfre Vera Cruz Seguradora. A empresa desconfiou da versão dada pelos bispos para o acidente, entrou em uma investigação paralela, fotografou o cercado de piso de areia destinado ao treinamento de cavalos que servia de pista de pouso, descobriu que o piloto era registrado em nome de uma igreja de fachada criada pelos fundadores da Renascer, chamada "Internacional Renovação Evangélica", e se recusou a pagar o seguro.



