A companhia área Azul se recusou a transportar um passageiro com paralisia cerebral nesta terça-feira (30), em Campinas (a 93 km de SP), e a família do rapaz registrou boletim de ocorrência contra a empresa acusando-a de discriminação.
Rodrigo Cabral Beghini, 33, sua mãe e o pai só conseguiram embarcar para Curitiba em outra empresa, a Gol. Sem detalhar seus motivos, a Azul alegou "condições médicas do cliente" e citou uma resolução da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para ter vetado o embarque.
"Me senti muito mal, meu filho foi descriminado", diz a assistente social Mariângela Beghini, 57, que é coordenadora de uma ONG para pessoas com deficiência. "Ficou abalada. Chorei muito."
Seria a primeira viagem de avião de Rodrigo, que ficou com paralisia cerebral após contrair meningite com 37 dias de vida. Ele, a mãe e o pai iam passar o Ano-Novo com o irmão mais velho, de 34 anos, que mora na capital paranaense.
Segundo ela, as três passagens foram compradas na Azul no começo deste mês. No dia 19, eles enviaram o formulário exigido para passageiros com necessidades especiais. Só na última segunda (29), relata Mariângela, ele teve um retorno da Azul após ter mandado um e-mail à empresa.
Uma funcionária da Azul ligou para ela dizendo que o formulário não havia sido aprovado. "Perguntei quais eram os motivos e ela disse que o médico da Azul não havia autorizado. Fiquei muito nervosa com a situação, tentando entender o porquê", diz Mariângela.
O voo sairia às 8h40 de Viracopos, e ela diz ter pagado R$ 1.100 pelas três passagens, ida e volta. Por ser acompanhante do filho, que tem necessidades especiais, ela tem direito a 80% em seu bilhete.
Com a resposta da Azul, ela então registrou um boletim de ocorrência contra a empresa e comprou outras três passagens na Gol, saindo de Guarulhos, sem o desconto a que teria direito e sem ter preenchido o formulário.
"Embarquei com ele sem ninguém falar nada. Ele anda sozinho, só não fala, por causa da deficiência intelectual. Ele não precisava de um acompanhamento específico da Azul", diz a assistente social. "Se fosse um voo longo, para os Estados Unidos, mas é um voo de 50 minutos. O que meu filho tem de tão grave que não pôde embarcar? Ele tinha alguma doença contagiosa para o médico da Azul não ter autorizado o embarque?"



