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Santos: “É um trauma muito grande” | Daniel Castellano / Gazeta do Povo
Santos: “É um trauma muito grande”| Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo

O microempresário Amarildo Samuel Muniz dos Santos, de 41 anos, protocolou uma queixa no Comando do Policiamento da Capital e no Gru­po de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) contra a Polícia Militar do Paraná. Ele acusa policiais da Ronda Osten­siva de Natureza Especial (Rone) e de outros batalhões de maus-tratos após ser confundido com um dos assaltantes que invadiram uma mansão no bairro Seminário, em Curitiba, na sexta-feira passada. O microempresário fez ainda uma reclamação formal na Secretaria de Estado da Segurança Pública.

Santos conta que estava na área de autoatendimento de uma agência bancária do bairro quando foi surpreendido pela aproximação dos policiais da Rone com as armas em punho. Pensando se tratar de um assalto, o microempresário afirma que colocou as mãos junto à cabeça para não demonstrar reação e saiu da agência bancária. Do lado de fora, ele foi obrigado a se deitar no chão, onde teria sido agredido física e verbalmente, mesmo alegando ser apenas um cliente do banco e solicitando aos policiais que analisassem seus documentos. "Um dos policiais pisou em minha cabeça esfregando a botina. Ele ainda pisou nas minhas costas, me manteve deitado no chão, exposto a todas as pessoas que passavam pelo local sem me deixar falar mais nada, sem que pudesse provar que eles estavam equivocados", conta em uma carta entregue ao secretário de segurança, Aramis Linhares Serpa. Santos afirma que foi liberado após ser levado ao 9.º Distrito Policial para suposto reconhecimento pelas vítimas.

A Gazeta do Povo teve acesso às gravações do circuito interno de segurança da agência bancária. As imagens mostram a chegada de um carro Peugeot que era procurado pela polícia e foi estacionado no lado oposto da rua onde se localiza o estabelecimento. Logo depois um homem com calça jeans e jaqueta escura deixa o veículo e sai correndo. Em seguida, Santos – com roupas semelhantes ao suposto ladrão – entra na agência ao mesmo tempo em que os policiais da Rone encontram o veículo. Segundos depois os policiais se dirigem ao banco à procura do suspeito e Santos sai da agência sem demonstrar resistência. As câmeras, no entanto, não captaram as agressões denunciadas pelo microempresário, mas uma testemunha que não quis se identificar contou que Santos foi agredido e que os policiais foram truculentos na abordagem de mais pessoas.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Polícia Militar afirmou que será aberto nesta semana um procedimento administrativo para verificar a conduta dos policiais que atenderam a ocorrência. O procedimento foi determinado pelo Comando do Policiamento da Capital a partir da denúncia feita por Santos e tem 40 dias para ser concluído. "Estou atrás de justiça, mas acredito que será bem difícil. É um trauma muito grande, estou emocionalmente abalado", conta Santos, que por medo de represálias solicitou proteção ao Gaeco.

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