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Denúncia

Empresário diz ter sido torturado por PMs

Em depoimento na Polícia Militar, um empresário de 34 anos diz ter sofrido duas horas de tortura nas mãos de um grupo de policiais no sábado, em Curitiba. O pai do empresário, de 58 anos, afirma ter sido ameaçado pelos PMs, que teriam apontado armas para ele. A PM informa que apura o caso com transparência e rigor.

Segundo vizinhos e a família da vítima, cerca de cinco carros da Polícia Militar foram até a frente da casa do pai do empresário, no Bacacheri (Zona Norte), por volta das 5 horas.

O pai relata que os policiais sacaram armas e teriam ameaçado prendê-lo se não entregasse o filho. Ao ter a casa invadida – os policiais não tinham mandado –, o rapaz reagiu e desferiu um soco contra um dos policiais. Rendido e algemado, foi levado a pontapés e choques de teaser (arma não-letal usada pela polícia norte-americana), como confirma uma testemunha, até o camburão. O pai afirma que não sabe para onde o filho foi levado e que recebeu golpes e choques por todo o corpo, além de ter sido empalado com um cassetete. Cerca de 15 policiais teriam participado da tortura, que durou duas horas.

O carro da vítima, um Peugeot 206 preto, teria ainda sido levado pelos PMs. A família afirma ter um documento que comprova que o carro não foi levado ao pátio do Detran até as 10 horas de segunda-feira, procedimento padrão para veículos apreendidos pela PM. O carro foi recuperado nesta manhã por uma irmã da vítima da suposta tortura.

Por volta das 7 horas, o empresário deu entrada no pronto-socorro do Hospital Cajuru, mas o registro é de queda de nível. No prontuário, constam escoriações leves e liberação rápida mediante medicamentos. "Ele foi pressionado pelos policiais, por isso não registrou tudo o que aconteceu", argumenta o pai. Nos registros do hospital, ainda consta que o paciente estava com "hálito etílico".

Depois, o empresário foi levado ao Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão da Zona Sul, no bairro do Portão. Ficou preso até as 13 horas. A liberação, segundo o pai, veio por meio da Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran). No entanto, o delegado titular da especializada, Armando Braga de Moraes Neto, desconhece o caso.

Para a família, os policiais teriam alegado que o rapaz estava preso por disputar rachas na Rua Presidente Farias, no Centro, e fugir a abordagem policial, além da agressão no rosto de um soldado. "Eles dizem que seguiram o carrinho 1.0 do meu filho por toda a [Rua] Fagundes Varela. Poxa, vai me dizer que não alcançaram com aquelas viaturas de motor 1.8?", questiona o pai.

Hospital de novo

O empresário voltou ao hospital à tarde. Nessa segunda entrada, pelo plano de saúde, é registrado atendimento a lesão corporal. De lá, a família conta que foi ao Instituto Médico-Legal (IML) fazer exame de corpo de delito.

"Se confirmado que policiais militares participaram das torturas, serão punidos com todo o rigor, mas não devemos fazer nenhum juízo antes de apurar os fatos", afirma o responsável pelo setor de relações públicas da PM, major Antônio Zanatta. Um procedimento administrativo interno da PM deve apurar o caso. Zanatta diz que os policiais envolvidos estão sendo identificados.

Hoje, às 9h, o empresário e o pai irão ao Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), vinculado ao Ministério Público, prestar novo depoimento.

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