• Carregando...

Duas empresas de Curitiba e uma de Maringá que realizavam vendas de produtos pela internet serão investigadas por supostas irregularidades na prestação do serviço. A Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor de Curitiba instaurou inquéritos civis para apurar casos de estelionato denunciados por consumidores de diversos estados do país contra as empresas CWB Eletro e BRMaxsul, sediadas na capital, e Marin Eletro, de Maringá. Abertas recentemente, as empresas estariam recebendo o pagamento dos clientes, mas não entregam os produtos.

De acordo com o Ministério Público do Paraná (MP-PR), as três empresas objetivaram a prática de um golpe aproveitando o mercado aquecido pelas compras natalinas. A questão criminal está sendo investigada pela Polícia Civil, por intermédio do Núcleo de Combate ao Cibercrime (NUCIBER), em Curitiba, e pela Delegacia de Estelionatos de Maringá.

O MP-PR verificou que os supostos estelionatários faziam anúncios de produtos por preços bastante atrativos, se utilizando de ferramentas de busca populares na internet, como o ShoppingUol, o Bondfaro e o Buscapé, com vantagem para pagamento à vista mediante depósito bancário. Através desses sites conhecidos os consumidores eram redirecionados às páginas das empresas.

Em Curitiba, os inquéritos estão sendo conduzidos pela promotora de Justiça Cristina Corso Ruaro. Em Maringá, pelo promotor de Justiça Maurício Kalache. Há ainda diversas reclamações de consumidores que afirmam terem sido vítimas do golpe das empresas de Curitiba em sites de reclamação como o Reclame Aqui e o Reputação.

Curitiba

Em Curitiba, as empresas CWB Eletro e BRMaxsul agiram de maneira semelhante. A CWB Eletro registrou o site no dia 15 de junho de 2010 e o CNPJ no início de dezembro para que fosse aberta uma conta corrente que receberia os pagamentos. De acordo com a promotora Cristina Corso Ruaro, a empresa utilizou documentos falsos e alugou uma sala na Rua Raul Caron, 619, bairro Capão da Imbuia, em Curitiba. O valor do aluguel teria sido pago por antecipação.

A promotora informou que, só na Promotoria de Defesa do Consumidor de Curitiba há 86 reclamações de consumidores de diversos estados do Brasil que não teriam recebido os produtos comprados pelo site da CWB Eletro. "Em um dos casos, o consumidor recebeu da empresa por email o código de rastreamento da mercadoria junto aos Correios e a encomenda chegou, mas vazia", conta a promotora.

Já a BRMaxsul ficou instalada por três meses na Avenida Senador Salgado Filho, 2071, conjunto 07, no Guabirotuba. "Eles pagaram o aluguel adiantado, não pagaram condomínio e sumiram", diz a promotora. O CNPJ da empresa foi registrado no dia 4 de novembro de 2010.

No site, a empresa informava o nome de outras empresas e órgãos que seriam clientes e apoiadores do site. Entre os nomes estavam Procuradoria Geral do Trabalho, Procuradoria Geral da União, Sebrae, Varig e Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Havia também empresas relacionadas como parceiras como Cônsul, Philips, LG e Nokia. "Nada disso era verdade e por esse motivo pedimos o bloqueio dos sites para evitar que mais pessoas caíssem no golpe", explica a promotora.

O MP-PR não soube precisar quantas denúncias existem contra a BRMaxsul nem os prejuízos causados por estas empresas. Os produtos vendidos variam entre R$ 500 e R$ 2.500 e vão desde aparelhos de telefone celular até aparelhos de ar condicionado, vídeo games e eletrodomésticos. "Como os ofereciam grandes descontos para pagamentos à vista e estavam relacionados em sites supostamente confiáveis como o Shopping Uol, Bondfaro e Buscapé consumidores de todo país caíram no golpe", destaca Cristina.

Maringá

A Marin Eletro era sediada em uma galeria na Avenida Brasil. O MP verificou que a empresa foi aberta pouco antes do Natal. A Delegacia de Estelionato de Maringá também investiga o caso na esfera criminal. Até o penúltimo dia do ano passado, havia nove boletins de ocorrência e aproximadamente 30 reclamações contra a empresa.

Àquela época, a delegacia informou que consumidores de São Paulo, Goiás, Piauí, Rondônia, Pernambuco, Distrito Federal e Paraná tinham registrado boletins, alegando que não receberam os produtos que compraram.

A Delegacia de Estelionatos não soube dizer como estava o inquérito e a quantidade boletins registrados contra a empresa até esta terça-feira (25). A única informação é de que as reclamações continuam chegando com frequência.

Histórico

A Delegacia de Estelionato de Maringá recebeu o primeiro boletim de ocorrência no dia 22 de dezembro do ano passado, de um consumidor do Piauí, cujo produto comprado não tinha chegado na data prevista.

Ao começar a investigar o caso, descobriu, então, que os dois donos identificados da Marin Eletro, Waldiney Carvalho Ribeiro e Rafael Yassuda, tinham emitido vários cheques, que, juntos, somavam cerca de R$ 70 mil, como se tentassem retirar a maior parte dos R$ 90 mil que havia na conta bancária na qual os clientes depositava o valor dos produtos comprados.

Diante disso, a juíza da 4ª Vara Criminal de Maringá bloqueou a conta bancária em questão, a pedido da delegacia. No dia 23 de dezembro, a polícia foi informada que os donos da empresa tentaram sacar o dinheiro em Guaíra, no Oeste do estado, mas não conseguiram, por conta do bloqueio.

Os consumidores que fizeram compras nesses sites ou similares e quiserem registrar seu caso podem entrar em contato com o Ministério Público do Paraná através do e-mail caopcon@mp.pr.gov.br. Em Maringá, o contato é mkalache@mp.pr.gov.br e o telefone (44) 3226-9265.

A Gazeta do Povo entrou em contato com os sites Shopping Uol, Bondfaro e Buscapé para esclarecimentos sobre o cadastro de empresas, mas não obteve resposta até as 20h.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]