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Educação

Ensino público S/A

Com um modelo de aula integral gerido por uma autarquia, a educação pública de Apucarana funciona como uma empresa privada. E não é que está dando certo

Gracy Kelly, diretora da Escola Municipal Alcides Ramos, com alunos do integral: aulas o dia todo, avaliação própria e autonomia de gestão garantem a qualidade do ensino em Apucarana | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Gracy Kelly, diretora da Escola Municipal Alcides Ramos, com alunos do integral: aulas o dia todo, avaliação própria e autonomia de gestão garantem a qualidade do ensino em Apucarana (Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo)
Aula de música na Alcides Ramos: sala e instrumentos apropriados |

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Aula de música na Alcides Ramos: sala e instrumentos apropriados

Rede municipal oferece três refeições por dia aos alunos: bem-estar estudantil |

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Rede municipal oferece três refeições por dia aos alunos: bem-estar estudantil

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O sistema educacional de Apucarana (Norte do Paraná) é um mundo à parte. Gerido por uma autarquia (e não uma Secretaria de Educação), ele foge do padrão das escolas públicas brasileiras e se aproxima da qualidade da rede privada de ensino. Atua quase como uma empresa, onde a secretária de Educação é a presidente e os pais, os acionistas.

FOTOS: Veja slideshow com imagens das escolas de Apucarana

A cidade tem uma rede de educação integral que funciona com qualidade em todas as escolas e serve de referência para o resto do país. Além disso, conta com um sistema próprio de avaliação de desempenho escolar, a Prova Cidade Educação. O teste, que será realizado na semana que vem, acontece a cada dois anos para intercalar com a Prova Brasil, a avaliação do ensino fundamental feita pelo governo federal e que serve para compor o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Embora a de Apucarana siga o mesmo padrão da nacional, que é avaliar o conhecimento de português e matemática dos alunos do 5.º ano, a prova ajuda a detectar falhas e auxilia na montagem do planejamento escolar do ano seguinte. Em 2012, a prova vai dar um passo à frente e fazer o que o Ministério da Educação (MEC) pretende para o resto do país apenas em 2013: avaliar os alunos do 3.º ano para medir a qualidade da alfabetização.

Segundo a presidente da Autarquia Municipal de Educação de Apucarana, Suzimara Carvalho de Almeida Lima, a educação integral da cidade funciona bem porque, com um controle anual de desempenho, é possível detectar e consertar mais rápido os problemas. Não é à toa que ao longo de 11 anos a educação integral deixou de ser apenas atividades aleatórias de contraturno – como ainda acontece em boa parte das escolas da rede estadual – e passou a ter disciplinas da base curricular obrigatória, como matemática, história e ciências, tanto no turno da manhã quanto no da tarde. Foram essas mudanças que contribuíram para o aumento do Ideb da cidade, que saltou de 4,5 em 2005 para 6 em 2011, média equivalente a das escolas com os melhores desempenhos.

As aulas, que começam 7h30 e vão até 16h30, mesclam conteúdos obrigatórios com oficinas – que vão desde jogos matemáticos até leitura e produção de texto – e aulas de balé, caratê e música. Essas três últimas são dadas por uma empresa terceirizada especializada.

Mais agilidade

Criada em 2010, a autarquia é vinculada à prefeitura, mas tem autonomia para trabalhar. Por não precisar se submeter aos processos burocráticos normais a uma Secretaria de Educação, há mais agilidade na liberação de recursos para as escolas, que vão desde o conserto de um telhado até a compra de merenda e material pedagógico.

Além disso, o prefeito João Carlos de Oliveira (PMDB) explica que, por ser um modelo jurídico diferente e com outra carga tributária, há sempre uma sobra de caixa – cerca de R$ 350 mil por ano –, que é investido diretamente nas escolas. "Sem contar que nosso orçamento para a educação é um pouco maior que o das outras cidades [32% contra 25%]. Isso acontece porque precisa de mais investimento para ter uma boa educação integral."

Estrutura física de colégio particular

O bom exemplo das escolas municipais de Apucarana também é resultado de uma estrutura física impecável, muito próxima de colégios particulares de cidade grande. A reportagem visitou três escolas de regiões diferentes da cidade, entre elas a Escola Municipal Senador Marcos de Barros Freire, que fica em um bairro carente, o Jardim Ponta Grossa. Em todas, o ambiente é o mesmo: salas grandes e arejadas, corredores e pátios limpos, pintura conservada e sem pichações ou depredações, banheiros em bom estado e adaptado para crianças de diferentes faixas etárias.

Cada sala comporta, em média, 30 alunos e é decorada com imagens pedagógicas que auxiliam o professor nas aulas e tornam o ambiente agradável e aconchegante. Em alguma delas, como na Escola Municipal Doutor Edson Giacomini, cada sala de aula tem uma biblioteca. Ao lado do quadro negro há uma estante com livros adequados para a faixa etária, cedidos pelo Ministério da Educação (MEC).

Nas salas que não têm livros, uma contadora de histórias passa de turma em turma, de duas a três vezes por semana. A professora Reni Piacentine tem esse papel. "Faço isso com os pequenos também. O bom desse trabalho é que ajuda eles a organizarem o pensamento para todas as outras disciplinas", conta.

Atividades culturais

Para as aulas de dança, música e caratê não falta material – como flautas, por exemplo – nem espaço adequado. Geralmente, a escola tem uma grande sala coberta usada para essas atividades. Já a cozinha, que prepara lanches e almoço – são três refeições por dia –, parece muito com aquelas de casa de avó: ampla, com cortina na janela e cheiro de comida caseira. (AS)

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