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Entrega de armas exigirá guia de trânsito

Ministério da Justiça lançou Campanha Nacional do Desarmamento. Quem quiser entregar arma tem de preencher guia no site da PF

As pessoas que quiserem entregar voluntariamente uma arma para a Campanha Nacional do Desarmamento, lançada nesta sexta (6) pelo Ministério da Justiça, terão de preencher uma guia de trânsito no site da Polícia Federal.

A guia serve para o cidadão justificar, em caso de abordagem policial, o porte de arma no trajeto entre o local de onde ele saiu com a arma e o posto de recolhimento de armas da campanha.

Na guia (veja aqui), os dados pessoais do portador da arma não são de preenchimento obrigatório - na campanha deste ano, o Ministério da Justiça decidiu garantir o anonimato com o objetivo de estimular a entrega das armas.

Mas é exigido o preeenchimento de dados da arma (número de série, espécie, marca e calibre) e os dados de trânsito - endereço de origem e endereço de destino (o do posto de recolhimento onde a arma será entregue).

Anonimato

De acordo com o coronel Ubiratan Angelo, da ONG Viva Rio, que integra a organização da campanha, o anonimato não favorecerá quem eventualmente quiser fazer uso criminoso do armamento e, para isso, tentar utilizar a guia de trânsito para justificar o porte ilegal.

"A pesssoa que vai entregar a arma não vai estar com ela em condição de pronto uso. É preciso ter compatibilidade de local, itinerário, horário, condição de uso da arma. A guia de trânsito não isenta ninguém de ser abordado por um policial", afirmou.

Para o ex-secretário nacional de Segurança Pública José Vicente da Silva Filho, é pouco provável que pessoas má intencionadas tentem usar o documento para justificar o porte ilegal de arma. "Os criminosos que andam armados não vão se preocupar em fazer uma espécie de legalização", disse.

Caso um suspeito seja abordado, Silva afirma que o policial pode acompanhá-lo até o ponto de entrega da arma. "Restando duvidas com relação às condições da pessoa, a polícia pode checar se aquela pessoa tem algum comprometimento policial", afirmou.

Segundo ele, com poucas informações é possível verificar se a pessoa tem antecedente criminal ou se é alvo de inquérito. "Os sistemas informatizados [com fichas] de criminosos são bem desenvolvidos. Em São Paulo, por exemplo, existe o registro de mais de 400 mil, com foto e dados", disse.

O primeiro posto de entidade civil cadastrado para recolhimento de armas é o da ONG Viva Rio, no Rio de Janeiro. Outras entidades poderão se cadastrar, como igrejas, lojas maçônicas, e demais organizações não-governamentais.

Além do Viva Rio, na primeira etapa da campanha funcionarão como postos de recolhimento de armas as superintendências e unidades da Polícia Federal.

Segundo o coronel Ubiratan Angelo, da ONG Viva Rio, que integra a organização da campanha, os horários de funcionamento dos postos são, de segunda a sexta, das 9h às 17h, e, aos sábados, das 9h as 13h. Por enquanto, não há previsão de funcionamento aos domingos.

A pessoa que entregar uma arma será indenizada. Munição também pode ser entregue, mas não dá direito à indenização. De acordo com a coordenação da campanha, a arma será inutilizada no momento da entrega.

De acordo com o Ministério da Justiça, ao entregar a arma, o cidadão receberá um documento com um número identificador. Com esse número, ele cadastrará uma senha de quatro dígitos para poder sacar o valor da indenização em uma agência do Banco do Brasil. O valor será de R$ 100, R$ 200 ou R$ 300, de acordo com o tipo de arma.

"Disponibilizamos R$ 10 milhões para indenizar quem entregar uma arma. Nunca nenhum ministro deve ter dito isso, mas espero que esse dinheiro acabe para eu poder buscar mais", disse nesta sexta, no Rio, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Antecipação

A campanha do desarmamento, inicialmente marcada para começar em junho, foi antecipada depois da tragédia de Realengo, no Rio, em que um atirador entrou em uma escola, disparou contra os alunos e matou 12.

Além de antecipada, a campanha terá diferenciais como a ampliação dos postos de recolhimento. Na última campanha do desarmamento, encerrada em dezembro de 2009, apenas os postos policiais podiam receber as armas.

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