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Meio ambiente

Era uma vez um lobo bonzinho

Moradores do bairro Cascatinha, próximo ao Portal de Santa Felicidade, em Curitiba, suspeitam de que estejam sendo visitados por um lobo-guará durante as noites e madrugadas. Quem o avistou, ao ver fotos de outro lobo-guará, não tem dúvidas de que se trata do mesmo animal. Especialistas não descartam a possibilidade de que um lobo-guará realmente possa estar na capital e arredores, embora a espécie esteja ameaçada de extinção no estado.

A diarista Lídia Wurr conta que o animal tem freqüentado o quintal de sua casa há mais de um ano, sobretudo durante a noite e madrugada. O suposto lobo-guará aparece pelo menos uma vez por semana, diz Lídia. Ela ainda conta que percebe a presença do animal devido ao som que emite. "É um latido que não é latido, um uivo diferente e às vezes parece (um som de) um pato", diz Lídia.

Certo dia, ainda muito cedo, logo após o amanhecer, Lídia viu o animal detidamente por quase um minuto no quintal de sua casa, que não tem grades. O animal, porém, acabou fugindo, assustado, ao perceber que estava sendo vigiado. Lídia pensou que era uma raposa ou um graxaim. Mas, na semana passada, ela viu uma foto de uma loba-guará em uma reportagem publicada pela Gazeta do Povo. "Aí, eu não tive mais dúvidas. Era igualzinho ao da foto." Segundo ela, o animal era magro, tinha cor avermelhada, pernas longas e uns 60 centímetros de altura (descrição que bate com a da literatura científica).

A dona de casa Lúcia Maria de Andrade nunca avistou o animal, mas suspeita que possa existir mais de um rondando o Cascatinha. De acordo com ela, em algumas ocasiões o som emitido parecia ser o de dois animais. Os moradores do bairro acreditam que o suposto lobo estaria na região para conseguir comida. Os quintais das casas da região têm várias árvores frutíferas (com frutos que caem ao chão) e alguns moradores também criam galinhas. Mas até mesmo lixo pode estar servindo de dieta para o animal. "É bem comum a gente encontrar lixo virado por aqui", diz a dona de casa Nair Buturi Valente.

A bióloga Carolina Cheida, que pesquisou o lobo-guará para sua dissertação de mestrado pela UFPR, afirma que frutas são uma parte essencial da dieta da espécie. "Mas ele come de tudo. Inclusive lixo", diz Carolina.

A também bióloga Tereza Cristina Margarido, que coordenou a elaboração da lista de mamíferos ameaçados de extinção no Paraná, afirma que é possível que o animal do Cascatinha de fato seja um lobo-guará. "Nessa região de Santa Felicidade já houve até notícias de um puma", diz a bióloga. A região, embora urbanizada, tem áreas verdes que podem estar sendo utilizadas como uma espécie de corredor de animais silvestres, diz Tereza. Santa Felicidade está interligada a Campo Magro, que por sua vez interliga-se à área dos Campos Gerais, hábitat onde ainda há lobos na natureza. Além disso, já houve avistamento de um lobo-guará em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, afirma Tereza.

Carolina Cheida diz ainda que não é preciso que a população tenha medo do lobo-guará, pois o animal não é agressivo. "Ele é muito tímido. Quando vê alguém, foge. A não ser se estiver acuado."

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