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Demografia

Escolaridade impulsiona migração

Pesquisa mostra que quanto maior o grau de escolaridade, mais fácil o deslocamento. Curitiba e Maringá são polos de atração e, Ponta Grossa, de evasão

Marcelito: formado em Ponta Grossa, mas de malas prontas para Santa Catarina | Josué Teixeira/Gazeta do Povo
Marcelito: formado em Ponta Grossa, mas de malas prontas para Santa Catarina (Foto: Josué Teixeira/Gazeta do Povo)

As pessoas com alta escolaridade – nível superior completo ou cursando – são as que têm mais capacidade de empreender uma "aventura migratória" no Brasil. Isso é o que aponta um estudo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base na análise de micro dados dos censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 1991 a 2010. No Paraná, Curitiba e Maringá, cidades com maior Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) do estado, estão nas microrregiões que mais atraem esse perfil. Na outra ponta da tabela, a região de Ponta Grossa é a que mais registra evasão desses indivíduos.

INFOGRÁFICO: Veja as regioões que mais atraem pessoal qualificado

A capital, por exemplo, viu o "saldo" de migrantes de alta escolaridade triplicar nas últimas três décadas, passando de 4 mil para 12,5 mil. Em Maringá, o saldo também cresceu (1,6 mil para 3,2 mil). Em Ponta Grossa por outro lado, a evasão de pessoas com alta escolaridade supera a chegada dos imigrantes desde a década de 1980, e a situação piorou ao longo do tempo (veja no gráfico).

Segundo a pesquisa do Ipea, a distribuição de cursos de ensino superior tem grande influência para essa migração. Conforme dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o número de cursos Curitiba cresceu seis vezes nessas duas décadas, passando de 106 para 638. Maringá teve crescimento semelhante (28 para 154), enquanto Ponta Grossa teve ritmo menor de crescimento (21 para 77).

Justamente para aprimorar a formação acadêmica, o carioca Fernando Martinez Fellipeto, 28 anos trocou o Rio de Janeiro pela Cidade Canção há dois meses. Mestre em Engenharia Química PUC-Rio, ele apostou na Universidade Estadual de Maringá (UEM) para o doutorado.

"Optei por fazer o doutorado aqui depois de muita análise. Além disso, eu tinha a certeza da necessidade dos profissionais na minha área", comenta. Para Fellipeto, pesou a questão da estrutura da cidade na hora de fazer sua escolha. "Não tenho dúvidas de que encontrarei oportunidade de trabalho quando começar a procurar algo na área", diz.

Dinamismo

Na análise do sociólo­go e pesquisador do Ins­tituto Paranaense de De­senvolvimento Econômico e Social (Ipardes) Paulo Roberto Delgado, ter uma rede de serviços educacionais fortes é um atrativo para a região, mas a retenção dos profissionais depende do dinamismo da região.

"Curitiba tem uma concentração muito elevada de serviços. Maringá, por exemplo, exerce um papel na rede urbana um pouco maior que o de Ponta Grossa, que também é prejudicada pela proximidade da capital", avalia. Delgado aponta que entre 2000 e 2010, a região dA qual Maringá faz parte, o Norte Central, gerou 225 mil empregos formais, contra 59 mil da região Centro-Oriental, de Ponta Grossa.

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