Ponta Grossa A Vara da Infância e da Juventude de Ponta Grossa (Campos Gerais) pediu atenção redobrada às escolas para evitar que menores de 18 anos consumam quentão (bebida à base de vinho e gengibre) nas festas juninas. O alerta foi feito por meio de um ofício, assinado pelo promotor Carlos Batista, encaminhado à Secretaria Municipal de Educação, ao Núcleo Regional de Educação e ao Sindicato Regional das Escolas Particulares. No documento, o promotor lembra que o artigo 81 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.º 8069/90) proíbe a venda de bebidas alcoólicas a menores de idade.
Para não perder a tradição, algumas escolas acharam uma saída criativa. São preparados dois quentões. Um com álcool, que é vendido aos adultos, e outro, feito de laranja, abacaxi ou suco de uva, mais gengibre e canela, que é vendido livremente às crianças. É o caso do Colégio Sagrada Família, que fez a sua festa junina no último dia 16. "Vendemos o quentão normal alertando que a responsabilidade é dos pais e também vendemos o quentão de laranja", fala a diretora Edite Bet.
As crianças aprovaram a novidade. "Achei muito gostoso, porque é bem docinho", diz Ariadne Stefany Brandini, 9 anos, aluna da 4.ª série, que provou o quentão de laranja. Bread Osni Viera da Rocha, também aluno da 4.ª série, tomou vários copos da versão sem álcool. O quentão foi aprovado. "Vou pedir para minha mãe fazer lá em casa."
Mais radicais, algumas escolas municipais optaram por não vender nenhum tipo de bebida alcoólica. O único quentão vendido é o feito de suco de uva. "Tentamos evitar a venda de qualquer forma", fala a secretária municipal de Educação, Zélia Marochi.
Segundo Luciane das Graças Ferreira da Silva, diretora da Escola Municipal Professora Minervina França Scudlareck, a população não se queixa da mudança. "Nossa comunidade já se acostumou. Agora eles apóiam essa idéia", fala. A escola não vende o quentão normal há cinco anos.
Segundo Cilmara Paiva, ouvidora do Núcleo Regional de Educação de Ponta Grossa, o ofício foi encaminhado para a equipe de ensino e distribuído às escolas. "Até o momento não recebemos nenhuma denúncia do descumprimento da lei", fala.



