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Prudentópolis – A Escola Estadual Cristóforo Myskiv, de Prudentópolis, na Região dos Campos Gerais, se orgulha do projeto de leitura que desenvolve com os alunos, mas sequer tem biblioteca. O acervo se resume a duas estantes de metal, que dividem espaço com a coordenação pedagógica e a sala dos professores. A chegada do esperado laboratório de informática trouxe um problema: ele vai ocupar a maior sala de aula, deixando uma das turmas sem espaço. Para contornar a situação, a escola decidiu fazer uma obra com recursos próprios. Dinheiro que ainda não tem – R$ 10 mil – e que deve ser arrecadado com festas, bingos e gincanas.

Como a construção não pode esperar, a escola conta com a colaboração dos credores – a loja de materiais de construção e o engenheiro, por exemplo –, que concordaram em receber quando a escola tiver a soma necessária. "No dia 12 de fevereiro precisa estar tudo pronto para receber os alunos", diz a diretora Terezinha Maia de Oliveira.

Essa é a realidade na única escola estadual paranaense apontada como modelo de aprendizagem, de acordo com o levantamento feito pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em parceria com o Ministério da Educação (MEC). O Aprova Brasil aprofunda os dados da Prova Brasil – uma avaliação por amostragem realizada em 40 mil escolas no ano passado, aplicada nas turmas de 4.ª e 8.ª séries.

Inseridas em comunidades pobres, 33 escolas brasileiras que tinham tudo para ter baixo desempenho escolar conseguiram notas altas nas avaliações de Português e Matemática. No Paraná, além da Cristóforo Myskiv, são destacadas na lista divulgada nesta semana as municipais Edirce Neneve de Carvalho, de Diamante do Sul, e Getúlio Vargas, de Ibema, ambas na Região Oeste do estado.

A capacidade de contornar as dificuldades físicas e sociais foi um dos principais aspectos avaliados pelo Unicef. Os avaliadores analisaram as notas altas que algumas escolas desestruturadas e incrustadas em comunidades carentes conseguiram alcançar, e foram verificar, caso a caso, qual a fórmula do sucesso.

Surpresa

Quando recebeu os resultados da Prova Brasil, a diretora Terezinha Maia de Oliveira percebeu que o índice da escola era superior à média, mas não tinha a noção do que isso representava. Ao receber uma ligação do MEC para agendar uma visita, achou que era um trote. Só acreditou quando a auditora chegou à escola para ouvir pais, alunos, funcionários e professores. "Perguntaram o que a escola tem de diferente. Eu não sei. Só fazemos o nosso trabalho", declara Terezinha. Professores há muito tempo na escola, acompanhando os alunos ano após ano, união do grupo e o desenvolvimento de projetos simples seriam os segredos do bom desempenho.

No projeto de incentivo à leitura, uma vez por semana, durante 50 minutos os alunos da escola param as atividades e podem ler o que quiserem. Não há cobrança de resultados, mas eles surgem: a compreensão de textos melhorou bastante. "E muitos levam livros para os pais ou então acabando lendo para eles", conta a diretora. Para o ano que vem, a proposta é deixar os alunos em casa uma vez por quinzena e trazer os pais para a escola.

Estudo

Na média geral, para alunos de escolas estaduais cursando a 8.ª série, o Paraná alcançou a quarta melhor colocação em Matemática e o sétimo melhor desempenho em Português. A Secretaria de Estado de Educação informou que nada poderia comentar sobre o resultado do estudo, já que ele é consolidado pelo governo federal. Sobre a Escola Estadual Cristóforo Myskiv, comunicou, por meio da assessoria de imprensa, que o aumento nos gastos em educação em 2007 vai possibilitar a realização de obras, incluindo reforma e ampliação na unidade de Prudentópolis.

Alunos

Jeany Matuchenez, 15 anos, pretende cursar Artes ou História. O interesse pela leitura e pela interpretação do mundo ela descobriu na escola. Jeany foi uma das estudantes da Escola Estadual Cristóforo Myskiv que participaram da avaliação Prova Brasil.

Para Jeany, a atenção que os professores dão aos alunos é especial. A mãe da estudante, Regiane, não acredita que a filha estaria mais bem preparada se tivesse estudado numa escola particular. Ela foi convidada a participar da gestão democrática e hoje integra o conselho escolar. "Aqui os professores dão o máximo pelos alunos", diz.

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