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Outras medidas

Infraestrutura: quando a solução está nas mãos do poder público

Além da conscientização de quem usa as ruas e rodovias, o que mais pode ser feito para diminuir os casos de acidentes fatais de trânsito? Muitas vezes, interferir na infraestrutura das vias é uma necessidade. Foi o que aconteceu na Avenida Juscelino Kubitschek, marginal do Contorno Sul. "Foi percebido um ponto frágil. Ela tem sentido duplo nos dois lados do contorno e é comum que marginais tenham sentido único. Foi possível notar que os motoristas se distraíam e que a sinalização não destacava o suficiente que a pista era dupla", diz Caroline Klein, coordenadora do comitê de engenharia do programa Vida no Trânsito. Colisões frontais eram frequentes. Para alertar os condutores, a sinalização foi reforçada. Como o trabalho é recente, ainda não é possível saber se contribuiu para evitar acidentes.

Repetição

Quando o grupo de análise de acidentes de trânsito identifica repetição de casos em um mesmo ponto, o local passa a receber mais atenção. É o caso das canaletas exclusivas para ônibus. É grande a quantidade de atropelamentos nas vias, mas foi possível perceber que os pontos que têm faixa para pedestre e cerca impedindo a travessia no meio da quadra quase não registram acidentes. Cercar toda a extensão das canaletas é uma possibilidade que está sendo estudada, mas é uma medida que encontra resistência, principalmente dos comerciantes. "Resolve um problema, mas pode criar outro. Urbanisticamente, segrega o comércio e as ruas", comenta.

Soluções

Entre as ações já realizadas pela prefeitura de Curitiba para diminuir os casos fatais de colisões está o aumento no tempo do pedestre em 42 semáforos do anel central da cidade. E uma medida que está sendo avaliada é a ampliação na quantidade de pontos de táxi próximos a casas noturnas.

São muitos os alertas – diversas vezes ignorados – para que os condutores não dirijam acima da velocidade nem bebam antes de pegar no volante (ou guidão). Mas, apesar desses dois fatores serem responsáveis por muitas mortes no trânsito, a análise dos casos ocorridos no ano passado em Curitiba mostra que bastaria que os usuários respeitassem a sinalização para que o número de óbitos nas ruas caísse drasticamente. Avançar o sinal vermelho ou a preferencial foi a principal causa de acidentes fatais no trânsito curitibano em 2013.

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O desrespeito à sinalização de trânsito foi comprovado em 53 acidentes, que levaram a 58 mortes. Além dos problemas em cruzamentos, até mesmo veículos estacionados em locais proibidos, ultrapassagens e conversões irregulares e o desrespeito à faixa de pedestre representaram vidas interrompidas nas ­­ruas e rodovias.

Nas próprias mãos

Para a epidemiologista Vera Lídia Alves de Oliveira, que coordena o comitê da análise das mortes no programa Vida no Trânsito, a noção de que são falhas mecânicas, fatalidades ou de que o outro é sempre o culpado atrapalha a compreensão do que está acontecendo em Curitiba. Ela reforça que, na maioria das vezes, está na "alçada" do usuário, seja pedestre ou condutor, diminuir as chances de que um acidente aconteça. Nesse sentido, ela destaca a importância da direção defensiva. Ou seja, não basta agir corretamente, obedecendo às regras, é preciso antever problemas, estando atento aos demais fatores que levam a colisões.

Causas

Um aspecto que chama a atenção nas mortes no trânsito – além das ações de pedestres e condutores – é a infraestrutura deficitária. A falta de iluminação adequada na via, por exemplo, foi apontada pelo grupo de estudo Vida no Trânsito como um fator que contribuiu para a ocorrência de acidentes fatais. Os problemas de infraestrutura são mais graves em atropelamentos. Entre as deficiências identificadas – e que contribuíram para casos que culminaram em mortes – estão falta de mureta de proteção, má conservação da pista, engenharia que induz ao erro e falta de local de travessia segura. Cada vez que o comitê que analisa as mortes encontra indícios de que a infraestrutura influenciou o acidente, os dados são enviados a um outro grupo, responsável por avaliar a possibilidade de fazer mudanças no trânsito.

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