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Embora seja melhor do que em outras cidades brasileiras, a saúde vai mal em Curitiba. É o que pensa boa parte dos entrevistados na capital e na região metropolitana: 61% concordam que a cidade está mal na assistência pública à saúde, enquanto 49% acreditam que ela tem uma melhor assistência quando comparada à maioria dos municípios brasileiros.

Para o médico Donizetti Dimer Giamberardino Filho, membro do Conselho Regional de Medicina do Paraná, tal percepção é reflexo de alguns problemas que o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda enfrenta não só na capital paranaense, mas em todo o país. "Apesar de ter 20 anos, o SUS ainda está em construção. Seus objetivos e ideais são bons, mas ele sofre de dificuldades organizacionais", afirma.

Entre os principais obstáculos em Curitiba ele cita a alta demanda nos postos de atendimento 24 horas, a falta de leitos em UTI’s para adultos e a alta rotatividade dos médicos. "Precisamos de profissionais compromissados, que sejam motivados por uma carreira estável, bem remunerada e com boas condições de trabalho", explica o conselheiro Giamberardino Filho.

O vice-prefeito e secretário municipal de Saúde, Luciano Ducci, reconhece que há desafios. "Em algumas unidades faltam médicos, mas neste ano serão contratados mais 83 profissionais. Temos ainda a demora em consultas de algumas especialidades, mas isso não é um problema exclusivo da cidade, mas do Brasil e do mundo todo", justifica. Mesmo assim, Ducci afirma que "Curitiba tem o melhor sistema de saúde do Brasil". Segundo ele, cerca de 70% da população curitibana (mais de 1,25 milhão de pessoas) é atendida pelo SUS – dado que coincide com o levantado pela pesquisa, já que 70% dos entrevistados afirmaram não possuir plano de saúde –, além dos usuários que vêm de outras cidades. "São 260 mil consultas mensais nas redes básica e de emergência, 60 mil novas consultas e 40 mil procedimentos por mês nas especialidades, além de 13 mil internações mensais", quantifica.

Sobre a percepção negativa, Ducci diz que reconhece esta visão, apesar de atribui-la a uma ideia mais nacional do que regional. "É uma influência nacional, são várias questões que levam as pessoas a acharem que a saúde vai mal", diz.

A opinião é compartilhada pelo procurador Marco Antonio Teixeira, coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Proteção à Saúde Pública do Ministério Público Estadual. Ele afirma que o pessimismo tende a ser maior entre a população em geral do que entre os que realmente utilizam o sistema. Além disso, diz acreditar que só haverá uma melhora significativa a partir do momento em que a sociedade se apropriar do sistema. "As pessoas precisam ter a consciência de que têm o direito de cobrar, fiscalizar e participar mais. Só assim haverá um salto de qualidade."

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