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Homenagem

Para cada cidade, um monumento curioso

Obras em formato de boné, cacho de uva, máquina fotográfica e agulhas gigantes são uma amostra de construções que “homenageiam” a vocação econômica de municípios do interior

Torre em Umuarama | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Torre em Umuarama (Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo)

Várias cidades paranaenses são marcadas por seus apelidos, nomes que remetem a algum episódio histórico ou à vocação econômica da localidade. Em muitos municípios, a identificação com esses títulos ocorre de uma maneira mais visível, na forma de monumentos. Com formatos curiosos e variados, essas obras refletem um pouco a realidade local e chamam a atenção de quem passa por perto. Não sem antes dividir opiniões.Para enaltecer o título de Cianorte, a "Capital do Vestuário", no Noroeste, foi criado em 2006 um monumento que reúne elementos do setor da confecção: a agulha, o alfinete, o zíper, a linha e o manequim. Já em Santa Fé, também no Noroeste, o tema escolhido foi uma máquina fotográfica gigante. A obra, inaugurada em junho deste ano, tem seis metros de altura por oito de largura e simboliza o título de "Capital da Fo­­tografia". Com pouco mais de 10 mil moradores, Santa Fé conta com quase 50 empresas atuando no ramo, produzindo uma média de 75 mil fotografias por dia.

A obra criada pelo artista plástico Luiz Gagliastri custou R$ 255 mil, dos quais R$ 195 mil repassados pelo Ministério do Turismo e ou­­tros R$ 60 mil de contrapartida do município. Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Santa Fé, Henrique dos Santos, a construção poderia ser mais simples. "Nada mais justo que homenagear o que impulsiona a economia local. Agora, não precisava ser algo suntuoso, pois isso não vai trazer lucro algum para o município." Já a prefeitura defende a construção e afirma que vai tentar re­­gis­­trar o monumento no Guinness Book como a maior máquina fotográfica do mundo.

Um monumento paranaense que já entrou para os recordes brasileiros é o cacho de uva de Marial­va, no Noroeste, considerado o maior do país, segundo o Rank Bra­­sil, o livro dos recordes nacionais. O cacho de ferro e concreto armado, com quase 18 metros de altura e 9 metros de largura, foi feito em 2004 para representar a "Capital da Uva Fina". Marialva conta com 750 produtores e 1,5 mil hectares de parreirais.

O artista

A obra foi feita pelo artista plástico cearense Gilberto Gomes Moura, uma espécie de especialista em monumentos gigantes. Ele é responsável pela criação de várias obras espalhadas pelo Paraná, incluindo o Garrafão de Bituruna, município na Região Sul do estado, conhecido como a "Terra do Vinho". A estrutura tem 18 metros de altura e conta com uma taça e um cacho de uva.

Outro trabalho feito pelo cearense é o Monumento do Boné de Apucarana, no Norte. A obra foi criada no final de 2008 para divulgar o potencial econômico do mu­­nicípio, considerado a "Capital Na­­cional do Boné". Lá estão instaladas 200 fábricas do acessório, que produzem mais de 5 milhões de produtos por mês, o equivalente a mais da metade da produção brasileira.

No improviso

As obras gigantes de Moura duram em média três meses para serem construídas e normalmente envolvem outras quatro pessoas. "É um trabalho de improvisação. Quem me contrata explica a ideia que ele tem e vou criando na hora. Du­­rante o processo de criação, o povo fica curioso, se aglomera ao redor e comenta."

Enquanto alguns consideram os trabalhos do artista criativos e interessantes, outros acham de mau gosto. "Aceito a crítica quando é construtiva e fico feliz quando as pessoas gostam de imediato."

Estética

Aberração desvaloriza cidade

Para o engenheiro civil e inspetor do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea), Luiz Fabiano Calderoni, a criação de monumentos é um importante meio para a valorização de uma localidade e sua cultura. No entanto, ele ressalta que as obras precisam ter uma ligação com o município. "Dependendo do monumento, ele acaba se tornando um ponto turístico, um marco. Mas se não tiver este vínculo com a identidade do local, acaba sendo visto somente como um gasto público, algo sem utilidade".

Para o arquiteto e professor do Centro Universitário de Maringá (Cesumar), Cássio de Menezes Júnior, além do fator histórico e cultural, os monumentos devem ter um cuidado estético. "Quando o monumento não é bem feito, ele desvaloriza a cultura local. É comum encontrar algumas aberrações que marcam a cidade de forma pejorativa", explicou Menezes, que defende a participação de um profissional da área de Arquitetura na composição deste tipo de obra.

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