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Edivaldo, comerciante do Jardim Paulista, mostra o que sobrou de uma casa que foi engolida pela erosão | Fotos: Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Edivaldo, comerciante do Jardim Paulista, mostra o que sobrou de uma casa que foi engolida pela erosão| Foto: Fotos: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Prevenção

No passado, alguns municípios da Região Noroeste desenvolveram projetos que aliavam a construção de espaços públicos ao combate à erosão. Em Paranavaí, o Estádio Waldemiro Wagner e a atual estação rodoviária foram erguidos sobre grandes áreas erosivas. O mesmo aconteceu em Umuarama, no parque do Lago do Aratimbó e no Complexo Poliesportivo. "Na área urbana, a intervenção em pontos críticos tem evitado maiores problemas", diz o secretário municipal de Meio Ambiente de Paranavaí, João Carlos Marques, destacando a remoção de famílias em áreas de risco.

  • Desmoronamento no Jardim São Jorge enterrou o rio onde Rogério brincava na infância

Uma casa destruída, famílias removidas de suas residências e um depósito de lixo improvisado no entorno de uma vila. Cenários encontrados em diferentes pontos de Paranavaí, no Noroeste do Paraná, ilustram um problema que afeta mais de 100 municípios em toda a região: a fragilidade do solo, bastante arenoso e suscetível à erosão, que faz com que verdadeiras crateras sejam formadas. Aos vizinhos dessas áreas erodidas, restam as dificuldades de conviver com uma situação que se agrava com o passar dos anos.Paranavaí é uma das cidades que se formaram sobre o Arenito Caiuá, tipo de solo presente em todo o Noroeste e que ocupa 16% da área total do Paraná. Com presença acentuada de areia em sua composição, o solo se torna mais frágil que em outras regiões do estado. Para agravar a situação, a cobertura florestal original foi quase que totalmente erradicada, tornando o terreno ainda mais vulnerável aos efeitos da erosão.

Um dos locais em que os efeitos dessa vulnerabilidade podem ser observados é o Jardim Paulista, onde, em 2006, parte de uma casa desmoronou após uma forte chuva. A residência ficava ao lado de um buraco formado pela erosão. Há cerca de quatro meses a situação se agravou com um novo desabamento. "Com a chuva, uma parte do terreno cedeu e levou a casa", relata Edivaldo Daniel de Lima, proprietário de um bar em frente à residência.

Próximo dali, outras duas casas já haviam sido desocupadas e derrubadas em virtude dos riscos de desabamento. Em uma delas residia Marinês Rodrigues Rocha, que desde que se mudou para a região, há 11 anos, acompanha o avanço da área erodida. "Quando cheguei já existia esse buraco. Desde então ele só vem aumentando", conta.

Recursos

Um levantamento feito no ano passado pela Associação dos Municípios do Noroeste do Paraná (Amunpar) indicou que seriam necessários em torno de R$ 500 milhões para solucionar os problemas com erosão nas 28 cidades que fazem parte da entidade. Esse montante seria destinado a obras de drenagem e pavimentação.

Segundo levantamento realizado pela Prefeitura de Paranavaí, existem dez grandes áreas de erosão na zona urbana do município. Nem todas oferecem risco aos moradores, caso da encontrada no Jardim São Jorge, onde ganhou dos moradores o apelido de "buracão". "Quando eu era pequeno, existia um rio onde a gente vinha brincar. A água vinha até as canelas", relata o comerciante Rogério Maga­­lhães, ao mostrar o local tomado pela erosão e que se assemelha a um vale. Apesar do crescimento, a área erodida ainda permanece longe das residências do bairro.

A preocupação dos moradores é com a saúde e o meio ambiente. No entorno do local formou-se um depósito de lixo, onde podem ser encontrados móveis velhos, aparelhos eletrônicos e resíduos de construção. "Infelizmente as pessoas não têm consciência do risco que isso traz para a saúde", critica a dona de casa Maria Aparecida de Oliveira. Para o secretário municipal de Meio Ambiente de Paranavaí, João Carlos Marques, é fundamental a conscientização dos próprios moradores, que, segundo ele, despejam o material no local.

Degradação agravou problemas

Se o solo do Noroeste é frágil por natureza, a retirada da vegetação aju­­dou a agravar a erosão. Pesqui­sador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Jonez Fidalski explica que o desmatamento torna o terreno mais suscetível ao desgaste. "Quando se retira a vegetação e se deixa o solo exposto, ele não tem capacidade para reter água. Isso acelera o processo erosivo e pode resultar na formação das voçorocas (grandes buracos)", diz.

Nas áreas urbanas, o crescimento das cidades foi deixando menos espaços para escoamento da água, o que torna alguns pontos mais críticos no processo erosivo. Para resolver esse problema, municípios têm buscado investir na implantação de novas bacias de contenção. Na zona rural, produtores rurais têm sido orientados a fazer uso do solo conforme sua capacidade. "O uso agrícola deste solo tem restrições, mas existem tecnologias para o seu manejo correto. Se o agricultor não souber usá-lo pode ter problemas sérios", ressalta Fidalski.

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