Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Defensores de Direitos Humanos

Especialista que sugeriu pedrada em traficantes entra em programa de proteção

Especialista em segurança que sugeriu pedrada em traficante entra em programa de proteção. (Foto: Reprodução / Instagram @ tarcisiomottapsol@)

Ouça este conteúdo

A professora Jacqueline Muniz entrou para o programa de proteção para defensores de Direitos Humanos do governo federal. A docente virou alvo de polêmica nas redes sociais e diz que foi ameaçada depois de dizer que traficantes do Rio poderiam ser enfrentados “facilmente” com pedras. 

Titular do Departamento de Segurança Pública e do Programa de Pós-Graduação em Justiça e Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense, em Niterói (RJ), ela afirma ter sido alvo de ataques que se intensificaram depois que deputados de direita veicularam comentários sobre a frase.

VEJA TAMBÉM:

Ao comentar o uso de fuzis por criminosos, a especialista afirmou que o armamento pesado “tem baixo rendimento criminal” e que “um criminoso portando um fuzil" poderia ser "facilmente rendido até por uma pedra na cabeça”. A professora criticava a alta letalidade da Operação Contenção, contra o Comando Vermelho, que terminou com 121 mortes.

“O criminoso tá com o fuzil na mão, ele é facilmente rendido por uma pistola, até por uma pedra na cabeça. Enquanto ele tá tentando levantar o fuzil e colocar o fuzil pra atirar, alguém joga uma pedra e já derrubou o sujeito”, declarou Jacqueline.

Em sua conta no X, Jacqueline publicou que outros usuários a teriam surpreendido no sábado enquanto almoçava no bairro nobre de Botafogo, no Rio. Ela os acusa de incitar violência contra ela.  Ela insiste em que foi mal interpretada e que sua fala “de horas” foi “deformada”.

Ela sugeriu, em uma publicação no X, que se referia à superioridade da força policial sobre os traficantes. “Fuzil e pedra. Entenda a deformação de 15 segundos de minha fala sobre a superioridade tática de força de uma corporação policial profissional sobre bandos armados”, escreveu na rede social, em um post em que divulgava uma live.

Segundo informações do jornal O Globo, a Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, órgão do Ministério dos Direitos Humanos, informou que acompanha a professora. "O programa busca estratégias de proteção e medidas que assegurem a sua integridade. O caso está sendo acompanhado conforme os procedimentos legais e técnicos previstos", disse, em nota ao jornal.

Não foi detalhado de que maneira a professora é acompanhada no programa, se ela recebe acompanhamento policial ou segurança particular. A professora disse que, entre outros cuidados, troca de carro com frequência.

Expressão de "liberdade de cátedra"

A UFF divulgou uma nota que a apoia completamente em que afirma que a presença da professora no debate público “é expressão legítima da liberdade de cátedra e de pensamento crítico, fundamentos do ambiente universitário, da ciência e do Estado Democrático de Direito”.

A instituição repudia "qualquer tentativa de intimidação" ou de "silenciamento de vozes" comprometidas com a produção de conhecimento e a defesa dos direitos humanos. A UFF também reafirma seu "compromisso com os valores democráticos, o pensamento crítico e o diálogo plural como instrumentos de transformação social".

Por fim, a universidade declara estar "ao lado" da professora e garante todo o suporte necessário diante dos "ataques". Segundo a nota, “a construção de uma sociedade mais justa e igualitária exige o respeito às diferenças e a convivência com as divergências”.

Outra personalidade a manifestar seu apoio foi Erika Hilton (PSOL), que declarou que a professora é atacada por "ser uma mulher e, em sua autenticidade e excepcionalidade, rasgar as narrativas daqueles que querem promover a morte como política de segurança e a insegurança para quem questiona essa política".

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.