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A decisão do governo federal de multiplicar as Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) no País preocupa especialistas, que vêem risco de desvalorização de ações preventivas e queda na qualidade do atendimento. No último dia 19, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou a implantação de 126 UPAs em todos os Estados, além das 81 existentes. O modelo, elogiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é bandeira de seu apoiador Sérgio Cabral (PMDB), governador do Rio. Segundo o ministério, as UPAs são uma forma de desafogar hospitais de casos simples - como dor de garganta e febre - que não demandariam assistência hospitalar, mas acabam atravancando as emergências dos hospitais.

As unidades, implantadas primeiro no Rio, ficarão abertas 24 horas, todos os dias da semana, poderão ter de dois a seis médicos e atender até 450 pacientes por dia em um sistema que não exige marcação de consulta. O modelo é semelhante ao implantado em 2005 em São Paulo pela gestão José Serra (PSDB), as AMAs (um do principais motes da campanha de reeleição de Gilberto Kassab), que já somam mais de cem unidades na capital.

Em manifesto divulgado em novembro sobre os 20 anos do Sistema Único de Saúde (SUS), o Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (Cebes) alertou que é "inaceitável que na reorganização da atenção seja dada prioridade às UPAs e AMAs, modelo ultrapassado e imediatista de instalação focada de unidades". Criticou também que "até hoje a atenção básica não seja o eixo estruturante de todo o sistema". O temor é que a aposta de investir em prontos-atendimentos desvie investimentos da atenção básica praticada por postos de saúde e pelo Programa Saúde da Família, responsáveis por atos de prevenção.

Outra preocupação é que a criação de outro serviço fragmente ainda mais a rede de atenção à saúde no País, caracterizada por várias portas de entrada que não garantem saúde integral ao cidadão, princípio do SUS. "Se as UPAs não forem integradas à rede, essa é uma mágica que não irá funcionar. A idéia do pronto-atendimento existe desde o Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social, que se encarregava da saúde dos trabalhadores antes do SUS)", diz a presidente do Cebes, Sônia Fleury.

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