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Para justificar um maior controle sobre estrangeiros proprietários de terras no Brasil e o envio de um projeto de lei ao Congresso que restringirá a participação de cidadãos e empresas de outros países, o governo liberou um balanço das negociações ocorridas em 2008. Dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) mostram que, nos últimos sete meses, 203 mil hectares de terras foram parar nas mãos de estrangeiros. Esses números, adverte o presidente do Incra, Rolf Hackbart, certamente estão subestimados, porque os cartórios não se vêem obrigados a registrar separadamente as terras compradas por estrangeiros e repassar as informações para o órgão.

O aumento na busca, afirma o Incra, naturalmente eleva o preço das terras e obriga o governo a pagar mais caro por áreas rurais desapropriadas para reforma agrária. No ano passado, de acordo com dados do Instituto FNP, o preço médio das terras subiu 17,83%. Essa, de acordo com o presidente do Incra, é uma das razões para a restrição à compra de terras por estrangeiros. "Eu não quero concentração de renda só nas mãos dos estrangeiros", afirmou Hackbart.

A proposta, porém, encontra resistência entre os produtores rurais, que receiam a diminuição dos investimentos estrangeiros no campo depois de aprovadas as novas regras. "Isso me parece um pouco de xenofobia", afirmou o presidente da Comissão de Assuntos Fundiários da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Leôncio Britto. "Essa mudança de classificação poderá afetar a entrada de capitais estrangeiros no Brasil. E o que nós ficamos sem entender é que, quando entra o capital limpo, para produzir, gerar emprego e renda, querem colocar restrições, mas quando entra o capital especulativo, há facilitação", acrescentou.

A crítica é rechaçado pelo presidente do Incra. "Isso não é xenofobia, é soberania. Isso é uma questão de impor limites, porque essas terras são patrimônio do País", afirmou. O argumento é referendado pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI). "O Brasil não está num estágio de leilão. O que nós precisamos é de investimento seguro, que não nos cause problemas depois."

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