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Tradição

Estudantes trocam calote por desconto no Dia do Pendura

Estudantes de Direito da Pontifícia Universidade Católica (PUC) resolveram inovar no Dia do Pendura deste ano. Ontem, um grupo entrou em acordo com o dono do restaurante Dom Antônio, no bairro de Santa Felicidade, em Curitiba, e conseguiu pagar um valor menor para o jantar, além de arrecadar dos participantes alimentos não-perecíveis, que deverão ser entregues para uma entidade assistencial da Vila das Torres.

Para o presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), Fábio Aguayo, essa atitude é válida, porém a data costuma causar muitos transtornos para a categoria. Segundo ele proprietários de restaurantes, casas noturnas e bares foram avisados para ficarem alertas. "Se a OAB luta pela moralidade deveria fornecer uma cartilha para os estudantes terem mais ética", desabafa.

A mesma opinião tem o gerente da Churrascaria Per Tutti, no Jardim das Américas, Zona Leste, Adílson de Lima, que colocou um cartaz avisando do dia e segurança na porta, para evitar confusão. No ano passado foram três casos, lembra Lima, resolvidos só depois de muita conversa. "Agora, só entra aquele que pagar adiantado. Não é justo para quem está no restaurante", comenta.

Tradição

João Antônio Madalosso, proprietário do Dom Antônio, em compensação, mostrou-se satisfeito com a saída do grupo de acadêmicos. O preço do jantar é de R$ 25 e acabou saindo por R$ 15, sem prejuízo para ninguém, garante. "Passamos pela situação de eles não quererem pagar todos os anos", lembra Madalosso. "Atualmente, ficamos espertos: aguardamos na porta, identificamos quem vai querer sair sem pagar e alertamos os garçons para não oferecerem produtos caros."

Ele recorda que a tática dos grupos que já passaram pelo estabelecimento é entrar, sentar, comer tudo que quer e, na hora de ir embora, cantar o Hino Nacional e deixar a conta na mesa. "Hoje, eles instituíram a pendura honesta: não pagamos tudo, mas não deixamos de pagar", diz.

O Dia do Pendura é uma tradição que remonta ao século 19, quando comerciantes ofereciam refeições e bebidas gratuitas para estudantes de Direito, a fim de comemorar a fundação dos cursos jurídicos. Em troca, os participantes ofereciam discursos. Porém, com o aumento do número de cursos de Direito, os convites diminuíram e os estudantes continuaram mantendo a tradição impondo-a aos comerciantes.

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