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Quarta-feira, 6 de agosto, 11 horas. Uma equipe da Rede Paranaense de Comunicação aborda na rodoferroviária de Curitiba o homem tido como negociador de licenças de táxi. Sem desconfiar que estava sendo filmado, foi logo dizendo: "Eu já vou até rindo porque eu já sei o que é". Os taxistas entrevistados minutos antes tinham razão, Claudinho é o cara certo para quem quer comprar ou vender um táxi. Ele atua 30 metros à frente da porta da Urbs. Os jornalistas simulam interesse por uma placa e em cinco minutos, ele dá detalhes de como fechar o negócio. No dia seguinte, dá as dicas de como burlar a fiscalização. Veja os principais trechos da conversa.

Claudinho – Eu já vou até rindo porque eu já sei o que é. O que que era para vocês?

Repórter – Estamos com uma grana e queremos ver se compramos uma placa.

– Mas não tem mais, cara, sumiu as placas (sic), até desanimei já.

– Não acha mais pra vender...

– Eu vendia duas, três placas por mês. Agora eu fico três meses sem vender uma porque não tem.

– Está caro, né?

– A última que eu vendi faz 15 dias. Vendi por 180 mil. Só a placa. Do Jurandir, certo? Apareceu uma aí, parece que o cara falou em 190. Nessa faixa aí, você tá entendendo? Tá subindo, olha, eu vendi na Tiradentes, faz quatro meses, carro, placa, cê vê ó, só esse tempo, carro, placa, na Tiradentes, por 180. Hoje de manhã o cara tava tirando corrida aqui, ele achou caro, mas você veja, já ficou barato pra ele. Se ele quiser 200 só na placa, ele tem hoje.

– E você não tem nenhuma em vista?

– No momento a única engatilhada que eu tenho é essa de 190 mil. Isso que o cara pediu, né? Assim mesmo eu vou pesquisar pra vocês. (...) Eu fico na correria direto porque eu ganho uma comissão, né?

– A gente ficou sabendo que um cara vendeu por 120 outro dia.

– Imagina, cara.

– Ali na Praça Rui Barbosa.

– Mentira, mentira, mentira. Ali os dono de placa são tudo inteirado (sic). Tão por dentro do preço, tão por dentro de tudo. A única coisa que pode acontecer de um cara pegar num preço é de um cara que tá lá no Nortão e vem aqui que nem essa da Tiradentes, o cara veio só para assinar.

– Ah, o cara não mora aqui.– Não mora aqui, daí chega e vende. Mas mesmo assim o cara não vende assim. Mesma coisa você, vai vender uma permissão tua de táxi, vai chegar aqui e vai se informar uns três dias antes, vai nos pontos, ver como tá os preços. Você não vai vendendo assim 120 mil. Nem barbada eu acho mais.

– Propriedade sua mesmo tem quantas?

– Não, eu não tenho. Eu tinha a minha, vendi. Trabalho com aquele ali, arrendado. Comprei o carro e arrendei a placa. Pago milão na placa por mês, sabe.

– 190, é?

– É, esse cara é.

– Mas você não acha que à vista ele não faz um desconto?

– E outra coisa que eu vou dizer pra vocês. Esses caras quando pedem esse preço, é aquele preço. Se falar mil a menos, ele não baixa. Esse de 180, eu achei um monte de 170, 175. Ele falou "não, Cláudio, é 180". Vendeu por 180.

(...)

– Quase dois anos atrás, um cara dos Estados Unidos mandou 130 mil pra um cara comprar uma placa de táxi pra ele. Esse ano ele vai voltar. O cara pegou o dinheiro e começou aplica ali, aplica ali, arruma cinco daqui, arruma três dali. Agora ele tá fudido, entendeu?

– Por 130 não compra mais?

– Não compra, e ele não ganhou todo esse dinheiro dentro de um ano, nesses jurinhos, nessas aplicações dele.

(...)

– Você tem o taxitur já?

– Tenho.

– Tem já, prontinho? Então não tem problema nenhum. Não tem nada, pode chegar ali, pagar, ir embora tranqüilo.

– E a transferência?

– Leva quatro meses pra transferir.

– Não vai ter problema?

– Não, não.

(...)

– Ali (na Urbs) a gente não ...

– Não, ali ele vai passar pra você, doar pra você. Uma doação, tô transferindo essa minha permissão pro José. É assim que funciona. Não vai falar que pagou, mas se quiser ir num cartório depois fazer um documento também, né. Vai lá e faz no cartório. Apesar que aquilo lá não vai valer nada aqui também.

– É porque acho que não pode.

– É. Cê põe lá os valores só pra você e o cara.

– E porque o valor é tão alto?

– Ó cara, um ano atrás, um ano e pouco, era 100, cara. Pra você ver como é que é o negócio. O cara, se ele pegasse aqueles 100 no ano passado e aplicasse não ía ganhar tudo isso, só na valorização.

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