A balconista Suzani Pereira da Rocha, de 23 anos, descansava do almoço por volta das 14h30 de ontem, ao lado de duas colegas de trabalho, sentada na escada de um prédio comercial, na Praça Tiradentes. Suzani se preparava para voltar ao trabalho em uma lanchonete, quando se deparou com o ex-namorado Haroldo Moreira da Silva, de 56 anos.
No começo da tarde, em um dos pontos mais movimentados do Centro de Curitiba, Haroldo sacou um revólver calibre 22 e disparou quatro vezes na direção de Suzani. Dois tiros acertaram a moça no rosto. Ela morreu na hora. Nenhuma das amigas foi atingida.
"Eu estava na fila quando ouvi aquele barulho forte. Todo mundo se assustou e começou a gritar enquanto a moça ficou ali, caída, sangrando muito", relata a dona de casa Marta de Maia, que esperava o ônibus na frente do prédio em que ocorreu o crime. Haroldo saiu dali sem correr. Caminhava. Andou cerca de duas quadras, sem saber ao certo que direção tomar. "Não sei explicar o que aconteceu. Ficou tudo escuro", diz o autor confesso do crime.
De longe Haroldo foi seguido por um rapaz que presenciou os disparos. Sabendo que o assassino continuava com a arma, ele esperou a aproximação de algum policial. Encontrou um guarda municipal de Mandirituba que fazia serviços administrativos em Curitiba. Avisado pela testemunha, o guarda rendeu Haroldo que não resistiu e o entregou para soldados da Polícia Militar que já se aproximavam. Haroldo, que trabalha com venda de equipamentos de informática, foi preso em flagrante e levado ao 1º. Distrito Policial.
Haroldo e Suzani teriam se conhecido no começo do ano passado. Ela já trabalhava numa lanchonete na Tiradentes. Ele era dono de uma pequena loja de equipamentos de informática em um shopping popular que funciona na praça. Haroldo passou a almoçar na lanchonete diariamente. Suzani era quem o servia.
Os dois passaram a se encontrar depois do trabalho e em alguns meses decidiram deixar o relacionamento mais sério. Haroldo, Suzani e os três filhos da moça o mais velho com 5 anos e o mais novo com 10 meses passaram a morar juntos na casa do vendedor, no Pinheirinho. A união não deu certo. De acordo com Haroldo porque a ex-mulher gastava muito dinheiro. Já segundo conhecidos de Suzani, Haroldo seria muito ciumento. A moça, que chegou a pedir demissão da lanchonete, voltou a trabalhar no estabelecimento em outubro. "Ela sempre foi boa funcionária mas sofria com esse ex-marido. Ele vinha aqui atrás dela. Ficava rondando pela praça, espiando e já tinha ameaçado ela uma vez", diz Su Yi Zhu, proprietário da lanchonete.
Para Haroldo tudo foi uma "besteira". "O que eu vou dizer. Ela me falava um monte de desaforos, mas eu nunca devia ter feito isso. Me arrependo."
