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Imagens inéditas postadas na internet na última sexta-feira mostram pessoas sendo socorridas logo após a tragédia com o bonde de Santa Teresa, que matou seis pessoas e deixou 57 feridas em 27 de agosto. Para o coronel José Vicente da Silva Filho, ex-secretário nacional de Segurança Pública e professor do Centro de Altos Estudos de Segurança da PM de São Paulo, faltou coordenação e preparo aos policiais militares que chegaram primeiro ao lugar do acidente. Após analisar as imagens, ele disse que o primeiro PM a chegar ao local deveria seguir algum protocolo padrão ou o procedimento operacional padrão (POP), como é designado na PM paulista o conjunto de dezenas de procedimentos para "evitar improvisos em momentos críticos".

- Entre outras medidas, ele deveria isolar o local e impedir a remoção de feridos por pessoal não preparado. Feridos podem ter seu estado agravado se não forem manipulados adequadamente - afirmou Vicente.

O vídeo, disponível no YouTube, mostra vítimas sendo retiradas das ferragens do bonde tombado antes da chegada do Corpo de Bombeiros. As imagens, fortes, mostram o desespero de vítimas e de voluntários.

Nos momentos finais do vídeo, um policial militar pede que a cinegrafista se afaste do local, para o prosseguimento do resgate por parte dos profissionais. As imagens mostram que o agente age com rispidez. O GLOBO entrou em contato com a Polícia Militar durante a noite desta segunda-feira e a corporação informou que não dará um parecer enquanto não assistir ao vídeo. As imagens foram, portanto, enviadas para a assessoria da PM e poderão vir a ser encaminhadas para a Corregedoria da Polícia Militar.

Segundo o ex-secretário, para a Copa e as Olimpíadas, o Rio deve ter um sistema de atendimento de emergências exageradamente preparado, inclusive para os piores cenários.

- Esse pequeno teste mostrou que o Rio está longe disso - disse.

O governador Sérgio Cabral admitiu na segunda-feira que os bondes precisam de renovação. Segundo ele, não é possível entregá-los à prefeitura do jeito que estão. O sistema só deve voltar a operar em um ano.

- Eu assumo o erro. Vamos responder com algo que a população merece. Os dados mostram que os bondes representavam apenas 3% do volume do uso coletivo, e ainda assim o sistema era muito desorganizado, com baixo número de funcionários e sem manutenção. É uma questão de honra - afirmou Cabral.

A precariedade do sistema foi verificada num trabalho da Comissão Especial de Trânsito de Santa Teresa ao longo de seis meses. Os vereadores constataram o abandono de equipamentos em visitas às garagens. No relatório final, de fevereiro, o vereador Paulo Messina (PV) apontou a "necessidade de revitalização do sistema de bonde" e alertou para "os riscos de superlotação". Baseado nesse relatório, o Ministério Público notificou o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, sobre a instauração de um inquérito para apurar a sua responsabilidade na tragédia.

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