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Dieta

Excesso de peso acelera doenças típicas da velhice

Pessoas obesas ou com sobrepeso devem mudar estilo de vida antes de chegar à terceira idade para evitar complicações

Confira a lista de parques e praças |
Confira a lista de parques e praças (Foto: )
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Cuidados hoje evitam dissabores amanhã. A afirmação nunca fez tanto sentido no Brasil atual, onde a população é composta por um número crescente de idosos – e acima do peso. Prejudi­­ciais em qualquer fase da vida, o sobrepeso e a obesidade atingem cada vez mais quem passou dos 60 anos e, aos poucos, a imagem de idosos magrinhos e frágeis dá lugar àqueles com silhuetas cada vez maiores. Diante disso, a estética é o menor dos problemas.O resultado da má alimentação e do sedentarismo na fase adulta é previsível. Quando atingem a velhice, esses brasileiros já carregam doenças crônicas que poderiam aparecer bem mais tarde e que induzem à diminuição na qualidade de vida e na autonomia.

Os números a respeito do sobrepeso e da obesidade no país não trazem dados específicos da população com mais de 60 anos, mas uma olhada nas estatísticas divulgadas em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o peso dos brasileiros adultos assusta: cerca de 50% estão acima do peso, e 15% são obesos. Estimativas de especialistas mostram que, nessa faixa etária específica, os números são semelhantes.

Doenças intensificadas

A maior preocupação de especialistas, ao contrário do que se pensa, não é com o idoso que de repente engorda a olhos vistos, até porque tais casos são exceção – nessa fase da vida o comum é a perda de peso. O sinal de alerta se acende para quem entra na terceira idade já com excesso de peso, como explica a chefe do setor de Endocrinologia e Diabete do Hospital Evangélico, Minarluci Ribeiro Gama. "Quem entra nos 60 anos obeso ou com sobrepeso traz consigo uma série de doenças crônicas que afetam a qualidade de vida e intensificam problemas já típicos da idade."

É importante lembrar que, nessa fase da vida, o organismo já se encontra debilitado. Com o acúmulo de gordura no corpo, que provoca uma série de alterações metabólicas, esse desgaste natural é intensificado. Na lista de males típicos da idade agravados ou potencializados estão o câncer, diabete tipo 2, doenças hepáticas, do coração, AVC e quedas.

"Além de ter mais chances de desenvolver doenças, o idoso com sobrepeso morre mais cedo, o que explica até mesmo o fato de não termos, por exemplo, obesos com mais de 80 anos. Eles morrem antes", afirma a endocrinologista do Hospital das Nações Sheyla Alonso. O cenário é preocupante: estimativas indicam que doenças causadas pelo excesso de peso diminuam em até oito anos a expectativa de vida.

Cirurgia

Outra questão delicada que envolve o excesso de peso na velhice diz respeito a operar ou não idosos obesos. Em geral, a cirurgia bariátrica (de redução do estômago) não é indicada para maiores de 60 anos. No entanto, se a obesidade for grave a ponto de oferecer risco de morte, ela pode ser a única solução, o que não diminui a preocupação dos médicos devido aos riscos durante e após a cirurgia, como infecções e hipertensão, além da desnutrição causada pela perda de peso.

De acordo com o gastroenterologista do Hospital das Nações Júlio César Lobo, mesmo entre pessoas obesas há diferenciações que recomendam ou não a cirurgia. Apenas os superobesos, com Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 40 são encaminhados para o procedimento. Isso porque a cirurgia, depois de um período, pode ocasionar a deficiência de ferro e vitaminas, agravando problemas cardiovasculares que o obeso normalmente já apresenta. "É preciso pesar riscos e benefícios, pois quanto maior a idade, maiores os riscos", diz.

Só caminhada não basta

Elas são recomendadas, mas por si só não bastam. As caminhadas, muito bem aceitas pelos idosos, são um bom ponto de partida para erradicar o excesso de peso, mas devem estar aliadas a práticas que fortaleçam a musculatura. Ou seja, além de exercícios aeróbicos, é preciso valorizar a musculação.

A necessidade de exercícios combinados é explicada pela presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Rosana Radominski: na velhice, o ser humano passa a sofrer de um mal chamado sarcopenia relativa, uma perda da massa muscular em relação ao restante da massa corporal. Quedas constantes fazem parte do resultado. "Na velhice, a musculatura da perna diminui, ao mesmo tempo em que a gordura aumenta e é redistribuída, localizando-se mais no tronco e abdome. Esse desequilíbrio causa as quedas." Nesse caso, a musculação serve para fortalecer os músculos, ao mesmo tempo em que a caminhada ajuda a queimar a gordura abdominal, a mais nociva.

Rosana lembra que não é preciso nem mesmo desembolsar com academias para por em prática a recomendação: hoje, muitos parques de Curitiba possuem equipamentos que cumprem a função de tonificar os músculos. Antes de uma caminhada pelo local, bastam em média 10 minutos de exercício nesses espaços para perder os quilos a mais – e ganhar em qualidade de vida.

Serviço:

Para saber o seu IMC, basta dividir o seu peso (em quilos) pelo quadrado da sua altura (em metros), conforme a equação IMC=kg/m². Valores entre 25 e 29,9 indicam sobrepeso e maiores de 30, obesidade.

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