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Vendedor de bebidas na orla de Matinhos, João Meleh lamenta redução no movimento. | Débora Mariotto Alves
Vendedor de bebidas na orla de Matinhos, João Meleh lamenta redução no movimento.| Foto: Débora Mariotto Alves

A expectativa de que 2015 seria o ano dos feriadões, com possibilidade de passeios rápidos e dias de trabalho “enforcados”, não virou realidade para muitas pessoas que pretendiam viajar. O movimento nas rodovias do Paraná nos últimos quatro feriados ficou abaixo dos números do ano passado. O Litoral do estado, por exemplo, não registrou hotéis e restaurantes lotados. As preocupações com o momento econômico brasileiro estão entre as possíveis explicações para a cautela dos viajantes. A existência de muitos feriados seguidos também faz o turista escolher em quais vai sair de casa.

Na altura da praça de pedágio de São Luiz do Purunã, na BR-277, tanto no sentido Curitiba como em direção ao interior, o feriado da Páscoa foi o menos movimentado dos últimos cinco anos. Em 2014, 260 mil veículos passaram pelo local – mas é preciso considerar que no ano passado a celebração cristã emendou com o feriado de Tiradentes. Já neste ano, o movimento ficou em 144 mil, segundo a concessionária Rodonorte. Na média, 7 mil veículos a mais por dia circularam pelo trecho da rodovia naquele feriado de 2014.

Ainda não sabemos o número exato, mas temos certeza que haverá uma queda expressiva.

Roberto Bacovis, presidente da Associação Brasileira de Agentes de Viagem – PR

Com o clima chuvoso, o movimento no carnaval também acabou ficando abaixo das expectativas. Na BR-277, no trecho entre Curitiba e o Litoral do Paraná, a estatística da concessionária Ecovia indica 30 mil veículos a menos em 2015, em comparação com o ano anterior. Alguns viajantes podem ter trocado o Paraná por Santa Catarina, já que o movimento na BR-376 neste ano foi um pouco maior.

O presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem – seção Paraná, Roberto Bacovis, comenta que com tantos feriados, as pessoas estão escolhendo a data mais propícia para passear e que o momento econômico deixou os turistas apreensivos. Ele acrescenta que procura caiu a partir de abril. Bacovis conta que a procura por passeios para as férias de julho neste ano está bem menor do que em 2014, na mesma época.

Próximas folgas

Em 2014, vários feriados caíram em fins de semana. Mas 2015 está colaborando com quem tentar emendar a folga. Os próximos feriadões são Corpus Christi (4 de junho, quinta-feira), Independência do Brasil (7 de setembro, segunda-feira), Dia da Padroeira (12 de outubro, segunda-feira) e Finados (2 de novembro, segunda-feira). 2016 também deve ter vários feriados emendados, como Tiradentes, Corpus Christi e Proclamação da República.

Alta do dólar afetou o turismo em Foz do Iguaçu, “esparramando” os visitantes em vários feriados.Kiko Sierich/Gazeta do Povo

Número de turista em Foz do Iguaçu foi 40% menor na Páscoa

Impactada pela alta do dólar, Foz do Iguaçu sentiu o baque no movimento turístico. A estimativa é de que o movimento na Páscoa tenha sido 40% menor do que no ano passado. O secretário municipal de Turismo, Paulo Tremarin, conta que os hotéis lotaram em 2014 e que agora a ocupação girou entre 60% e 75%. Contudo, com mais folgas emendadas – abril teve também Tiradentes, além do feriado cristão –, a movimentação na cidade ficou mais constante.

Essa também é a opinião de Felipe Gonzales, vide-presidente no Paraná da Associação Brasileira de Agências de Viagem. “Muitos feriados próximos uns aos outros atrapalham, mas também mantêm a circulação. A cidade não ficou superlotada como no ano passado e abril fechou com movimento abaixo da média”, comenta. (KB)

Greve na educação já afeta projetos de férias de julho

Os dois períodos de greve na rede estadual – tanto no ensino fundamental como no superior – devem alterar a programação dos passeios. No início do ano, as aulas foram suspensas por um mês. A nova interrupção já dura duas semanas e, quando os professores voltarem às salas, será necessário repor as aulas. Já se sabe que as férias de julho serão comprometidas.

“Os pais não têm como se programar”, comenta Roberto Bacovis, representante do setor de agências de viagem. Além dos estudantes, os professores podem ter dificuldades de agenda para viajar. Quem também está preocupado com um dos efeitos da greve é o secretário municipal de Turismo de Foz do Iguaçu. A cidade é bastante dependente do fluxo regional e estadual de visitantes e a paralisação dos professores tem potencial para afetar a movimentação em Foz. “As férias de julho serão impactadas”, diz. (KB)

Acidentes fatais despencaram nas folgas emendadas

A redução no movimento nas rodovias do Paraná teve ao menos um resultado positivo: o número de mortos em acidentes caiu drasticamente nos feriadões. Com chuva constante, o carnaval nas estradas federais que cortam o estado teve nove casos fatais em 2015. No ano passado, foram 26 . Também nas rodovias estaduais o número de óbitos em acidentes registrou queda – quatro em 2015 e 10 no ano anterior. A Páscoa também teve menos vítimas nas rodovias. Em 2015, foram registradas 19 mortes. No ano anterior, foram 26 mortos em acidentes rodoviários no estado. É preciso considerar, contudo, que o feriado cristão foi maior em 2014, emendando com a folga de Tiradentes. O único feriado que registrou aumento no número de mortos em acidentes nas rodovias foi o do Dia do Trabalho – 19 casos no total, contra 17 no ano anterior. (KB)

Litoral sentiu o efeito da baixa movimentação de turistas nas folgas

  • Matinhos

A expectativa de aumento nas vendas virou decepção para comerciantes do Litoral do Paraná. “Faz dois anos que eu trabalho aqui e imagino que o movimento caiu cerca de 40%”, conta Gilberto Teruel Vitor, atendente em uma loja de conveniências na Praia Brava de Matinhos. Para ele, a baixa visitação no litoral é reflexo dos dias chuvosos que predominaram na região. “Mas no dia do trabalhador estava sol e o pessoal não desceu”, lamenta. Muitos comerciantes optam por não abrirem os estabelecimentos depois da temporada.

A Páscoa foi o último feriado que rendeu movimento. “Caiu muito em relação aos últimos anos. Não sei se por causa das greves ou se o pessoal está sem dinheiro”, avalia João Meleh, que trabalha há 16 anos como vendedor de bebidas na orla de Matinhos. Um alento veio do Congresso da Pessoa Idosa, no Sesc Matinhos, que atraiu caravanas. Na quinta-feira (7), o calçadão estava movimentado, mas o tempo afastou os turistas da praia.

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