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Um produto destinado para uso agrícola, vendido equivocadamente como veneno de rato, está provocando a intoxicação em crianças e adultos na região de Londrina. O alerta foi dado nesta terça-feira (13) pelo Centro de Controle de Intoxicações (CCI), que funciona no Hospital Universitário (HU). Popularmente conhecido como "chumbinho", a ingestão da substância aldicarb foi causa 18 casos de intoxicação somente no ano passado. Deste total, 15 pessoas ingeriram o produto em tentativas de suicídio – uma morreu. São grânulos pretos, irregulares, que se assemelham ao chumbinho usado como munição em espingardas.

"É um produto proibido, mas é vendido mesmo assim. A população não deve comprar, não deve usar, porque é perigoso e, além disso, não funciona como raticida", afirmou a farmacêutica Conceição Turini, coordenadora do CCI e docente de Toxicologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Segundo ela, o primeiro caso de intoxicação por aldicarb em Londrina foi em 1999; e a primeira morte, em 2003. Nestes sete anos houve 64 casos e 5 óbitos. A venda, segundo a coordenadora do CCI, é feita em casas de produtos agrícolas, em sacos de 20 quilos. O desvio de finalidade do produto – um praguicida – é feito por pessoas que compram e fracionam os grânulos em pequenas porções. Em Londrina, explicou Conceição, não há mais pontos de venda do produto em casas agrícolas.

VigilânciaDenise Nunes, gerente da Vigilância Sanitária em Londrina, afirmou que não há registro de venda do produto na cidade. Quando há denúncia de venda irregular, uma equipe vai até o local verificar a veracidade.

O aldicarb é enquadrado na classe 1 de toxidade, isto é, é altamente tóxico. A substância inibe o sistema enzimático e causa falência respiratória. Os sintomas depois da intoxicação são tontura, fraqueza, cefaléia, sudorese, tremores, lacrimação e aumento de secreção nas vias respiratórias. A morte acontece por parada cárdio-respiratória. "O tempo que leva para matar depende do peso do paciente e da quantidade ingerida, mas é questão de horas", afirmou Conceição. Para haver chances de sobrevivência, a vítima de intoxicação deve receber atendimento médico em menos de duas horas depois da ingestão. Depois desse período, qualquer substância ingerida passa do estômago para o intestino, e não é mais possível fazer os procedimentos necessários.

Em relação à apregoada função raticida, Conceição desfaz o mito. "Se matar, vai ser só um rato. A colônia manda o animal mais frágil, ou o mais velho, para testar a substância. Como o rato morre intoxicado em poucas horas, a colônia não ingere a substância", afirmou. Os raticidas cumaníricos, os mais utilizados, causam a morte do rato em 72 horas – nesse caso, toda a colônia ingere o veneno, julgando-o inofensivo.

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