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ABASTECIMENTO

Falta caixa d’água em 20% das casas

Uma em cada cinco moradias do Paraná não tem o equipamento, que poderia garantir a água no caso de interrupção do fornecimento

Marli costuma reservar água em recipientes quando fica sabendo de cortes no fornecimento | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Marli costuma reservar água em recipientes quando fica sabendo de cortes no fornecimento (Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo)

A cada vez que o abastecimento de água é interrompido – principalmente em casos de obras e reparos mais demorados – os moradores de localidades mais pobres são os que mais sofrem. É que a torneira fica seca imediatamente. Um levantamento feito pela Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) mostra que a cada cinco casas paranaenses uma não tem caixa d’água. Entre a população com faixa de renda mensal abaixo de R$ 1,3 mil, a falta do reservatório domiciliar é ainda mais comum e foi observada em 30% das casas.

INFOGRÁFICO: Veja como limpar sua caixa d'água

A pesquisa foi feita em 82 cidades do Paraná, com 2,5 mil consumidores da Sanepar. A estatística é semelhante em todas as regiões – ou seja, a proporção de 20% de casas sem caixa d’água se mantém. O equipamento está presente em moradias mais recentes e que passaram por vistoria da prefeitura – para liberação do Habite-se. Contudo, em imóveis irregulares não há nenhum tipo de fiscalização. Em áreas extremamente carentes, em que as construções são precárias e faltam itens de subsistência, a caixa d’água se torna um luxo. Mas há regiões onde, diante de tantas prioridades de consumo, a instalação do equipamento não consegue prevalecer.

Aviso

A costureira Marli Pereira Machado vive há 25 anos em uma casa sem caixa d’água. Ela conta que desde que a Sanepar passou a avisar com antecedência sobre a interrupção no fornecimento, quase não tem mais problemas com a falta de água. Ao saber que haverá corte, ela se previne e reserva água para as necessidades diárias. "Às vezes, nem chega a faltar", diz. Moradora da Vila Guaíra, em Curitiba, a quatro quadras da Avenida Kennedy, Marli confessa que não sabe o preço de uma caixa d’água [varia de R$ 170 a R$ 2 mil] e que "sempre vai adiando" a instalação.

O gerente da Sanepar para os processos de água, Agenor Zarpelon, relata que a ausência de reservatório domiciliar em 20% das casas não tem qualquer impacto sobre a operação do sistema. Contudo, a empresa recomenda que as famílias tenham a caixa para garantir mais conforto. Ele enfatiza que quando o abastecimento é interrompido o número de reclamações contra a Sanepar aumenta bastante – muito por causa da ausência da caixa.

A pesquisa ainda mostra correlação entre nível de instrução e presença de caixa d’água. Em casas em que o entrevistado disse ter formação universitária, o porcentual cai para 10%. Quando a pessoa consultada tem menos de 24 anos, o índice de ausência de caixa d’água sobe, indicando, numa suposição avaliada pela Sanepar, que o jovem desconhece a resposta e, na dúvida, afirma que a casa não tem o equipamento.

Estatísticas

Os principais órgãos que pesquisam abastecimento não se dedicaram a criar estatísticas sobre a presença de caixa d’água nas casas, entre eles IBGE, Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), agência Nacional de Águas (ANA), Instituto Trata Brasil ou Sabesp, companhia de saneamento de São Paulo e a maior do país. Agentes comunitários de saúde de Curitiba revelaram à reportagem que a prefeitura informou a eles que não há uma estatística consolidada sobre o assunto. Mesmo a empresa Eternit, que fabrica o equipamento, não tem uma estimativa de quantas casas têm caixa d’água.

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