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Há exatos três meses, a menina Rachel Genofre, de 9 anos, foi vista pela última vez ao sair do colégio, o Instituto de Educação do Paraná. A garota, que desapareceu no caminho para casa, foi encontrada morta dois dias depois dentro de uma mala na Rodoferroviária de Curitiba, com sinais de violência sexual. De lá para cá, as investigações sobre o caso pouco avançaram. Cerca de 20 suspeitos foram submetidos a exames de DNA para comparar com os vestígios encontrados no corpo da menina, mas todos resultaram em laudos negativos. Apesar do tempo decorrido, investigadores e familiares dizem que o caso ainda pode ser desvendado.

Seis policiais do Centro de Operações Policiais Especias (Cope) trabalham exclusivamente no caso – uma das linhas de investigação analisa as coincidências do caso de Rachel com o de Giovanna dos Reis Costa, morta em abril de 2006, também aos 9 anos. "Acho que o culpado vai ser encontrado. É uma questão de tempo. Estamos na espera", diz o pai da menina, Michael Genofre.

Os desdobramentos de outro homicídio ocorrido no Paraná contribuem para que Genofre pense desse jeito. O assassinato de Amanda Rossi, 22 anos, em Londrina, aparentemente insolúvel, foi desvendado pouco mais de um ano depois de ocorrido.

Para o delegado da Polícia Federal e professor da Academia Nacional de Polícia Federal Fernando Francischini, o mais importante para solucionar um crime é a qualidade da investigação nas primeiras 24 horas após o ocorrido. "É neste momento que os indícios são colhidos. Se você falhar, o trabalho fica todo comprometido. Ao que me parece, este trabalho foi bem feito no caso Rachel", diz.

O presidente da Associação de Delegados de Polícia do Paraná (Adepol-PR), Luiz Alberto Cartaxo Moura, tem uma opinião semelhante. "Não existe regra. Claro que o calor dos acontecimentos sempre favorece a solução do caso, mas há crimes que não têm limitador de tempo. A solução pode demorar três meses, dois anos, quatro anos", opina.

De acordo com Moura, as possibilidades de solução de casos como o de Rachel não diminuem com o tempo. "Esse é um crime que dificilmente seria solucionado no calor dos acontecimentos, porque foi muito bem pensado. Pode ser que uma nova informação, uma nova pista ou prova apareça ou o culpado seja preso por outro motivo", diz Moura.

Por esses motivos, o professor de direito penal da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e delegado de polícia Carlos Roberto Bacila diz que é importante investir no caráter científico das investigações – nos Estados Unidos, onde há uma boa coleta material, há crimes que são desvendados 30 anos depois de ocorridos.

Há um preceito policial que diz que "o tempo que passa é a verdade que foge". Para o delegado de polícia de São Paulo Nestor Sampaio Penteado Filho, essa máxima só se aplica a um tipo de prova: as periciais. "Não é porque o tempo passou que as chances de solução diminuem", opina.

Autoria desconhecida

Uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo (USP) mostra que existe uma baixa disposição da polícia em investigar crimes de autoria desconhecida – que representam 93,3% dos crimes violentos e 94,93% dos crimes não violentos. Mais da metade dos boletins de ocorrência que se converteram em inquéritos são de crimes com autoria conhecida. De acordo com o estudo, agentes policiais acabam por limitar seu raio de ação à "caça aos bandidos".

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Crimes podem ser desvendados mesmo após decorrido bastante tempo?

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