Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
sp

Família de suspeito morto por PMs deve receber reparação administrativa

Medida extra judicial vai ser pedida pela Defensoria do Estado de SP. Pais da vítima se reuniram nesta quarta-feira com defensora pública

A Defensoria Pública do Estado de São Paulo vai entrar com um pedido de indenização administrativa para que o governo estadual faça uma reparação pecuniária à família de um suspeito de furto que foi executado em março por dois policiais militares em um cemitério de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo. O crime foi presenciado por uma mulher, que ligou para o 190 no momento da execução. Os dois policiais estão presos no presídio Romão Gomes, da Polícia Militar.

Os pais do suspeito morto se reuniram por cerca de três horas com a defensora pública Daniela Skromov, da coordenadoria do Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria. "O objetivo desta reunião é prestar uma assessoria aos familiares da vítima, já que eles não têm condições de constituir um advogado", explicou.

Segundo ela, o pedido de indenização administrativa, uma via extra judicial, "é uma forma mais rápida de obter uma reparação por danos morais e materiais" por parte do governo estadual. "Uma ação na Justiça pode se estender por até 10 anos", disse.

A Defensoria entrou com um pedido de indenização em caso similar, há cinco meses, para que a família de uma das vítimas do grupo de extermínio conhecido como "highlanders", por cortarem as cabeças e membros de suas vítimas, receba uma indenização pecuniária. Segundo a defensora, não é possível antecipar o montante da reparação e nem quanto tempo irá levar para o pleito ser atendido pelo governo.

De acordo com a defensora, o pedido de indenização extrajudicial está respaldado pela lei estadual 10.177, de 1998, e que já há, inclusive, precedentes. Por meio de decreto, o então governador Alberto Goldman autorizou o pagamento de indenização a famílias de vítimas de atos ilícitos de policiais militares – o primeiro em 30 de abril e o segundo, em 13 de maio de 2010.

Antes dele, o governador José Serra já havia autorizado pagamento semelhante, em 21 de dezembro de 2007, a uma família de Bauru, no interior do estado, também por abuso policial.

"Estamos começando a fazer estes pleitos primeiro porque já houve declarações governamentais reconhecendo o erro por parte dos policiais. Além disso, é função da Defensoria buscar as soluções extrajudiciais dos conflitos e, por último, porque já houve estes precedentes concedendo as indenizações por meio de decreto", justificou.

Prisão preventiva

O juiz Márcio Ferraz Nunes, da 2ª Vara Judicial de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, decretou nesta quarta-feira a prisão preventiva dos dois policiais militares acusados de executar o suspeito, no dia 12 de março.

A prisão em flagrante foi relaxada pelo mesmo juiz em razão do vencimento de prazo entre a remessa do processo da vara judicial onde foi distribuído inicialmente e o seu recebimento pela Justiça de Ferraz. Entretanto, os PMs não chegaram a ser libertados.

"A materialidade delitiva está bem demonstrada pelos elementos produzidos até então, apesar de ainda não ter sido encartado aos autos o exame necroscópico da vítima. O fato imputado aos acusados é de tamanha brutalidade que acabou por gerar grande repercussão e clamor social. A liberdade deles, nesse momento, colocaria em risco, por tal motivo, a ordem pública", disse o juiz, na decisão.

Os PMs permanecerão presos no Presídio Romão Gomes durante a instrução do processo ao qual respondem por homicídio duplamente qualificado - por motivo torpe e com recurso que dificultou a defesa da vítima.

Uma visitante do cemitério viu quando o carro da PM entrou no cemitério e narrou a execução por telefone ao atendente do 190. O juiz recebeu a denúncia (acusação formal) oferecida pelo Ministério Público no dia 21 de março contra os policiais.

Nesta quarta, a promotora de Justiça Mariana Apparício de Freitas, que denunciou os PMs, requereu à Secretaria Estadual de Justiça e de Defesa da Cidadania a inclusão da testemunha no Programa Estadual de Proteção à Testemunha (Provita).

O juiz também pediu o envio do áudio gravado pelo Copom ao Instituto de Criminalística, para que seja degravado. Os policiais terão dez dias para apresentar defesa.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.