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Violência

“Faria tudo de novo”, diz autor de chacina

Pescador assume autoria de pelo menos sete das quinze mortes no maior massacre da história do Paraná

Jair Correa chega para prestar depoimento à Justiça de Guaíra | Osmar Nunes/Gazeta do Povo
Jair Correa chega para prestar depoimento à Justiça de Guaíra (Foto: Osmar Nunes/Gazeta do Povo)

Guaíra - O pescador Jair Correa, de 52 anos, acusado de planejar e ajudar a executar a chacina que matou 15 pessoas e deixou oito feridas, no dia 22 de setembro do ano passado, numa chácara em Guaíra, prestou ontem o primeiro depoimento em juízo e assumiu a participação nos crimes. Ele reafirmou que matou sete ou oito pessoas e disse que as outras vítimas foram mortas por Ademar Fernando Luiz e Fabiano Alves de Andrade, que também depuseram ontem em Guaíra e não negaram o envolvimento.

A promotoria informou que vai pedir a pena de 250 anos para cada um dos três acusados. A meta é levá-los a julgamento até junho.

Correa foi o primeiro a ser ouvido pelo juiz de Direito da comarca local, Wendel Brunieri, a partir das 14h30. Depois de uma hora de depoimento, ficou até o fim da tarde na viatura policial à espera dos dois parceiros, para serem levados de volta a Cascavel, onde estão recolhidos. Em nenhum momento Jair Correa se mostrou arrependido do que fez. "Faria tudo de novo e me sinto de alma lavada". Ele disse ainda que o maior sonho hoje é sair vivo da prisão e voltar a morar em Guaíra. "Mas vou cumprir minha pena numa boa, até quando Deus quiser", diz. Sobre a prisão, ele reclamou da pouca comida que o fez emagrecer alguns quilos e da proibição de cigarros.

Em entrevista, o principal acusado afirmou que, além dos mortos e feridos, várias outras pessoas saíram com vida e não aparecem na lista. "São pessoas que saíram sem chumbo", afirma. Ele disse que não lembra o nome, mas adiantou que poderiam ter morrido mais pessoas que apareceram na chácara e fugiram sem ser atingidas.

Sobre a motivação do crime, Jair Correa reafirmou que armou a chacina porque ficou sabendo que seria morto junto com o filho Gleibson Corrêa. "Ou eu matava ou morria", alega.

A intenção dele era assassinar o dono da chácara onde a tragédia aconteceu, Jocemar Alves Soares, o Polaco, e três amigos dele que estariam envolvidos na morte do enteado de Jair, Dirceu Pereira de França, ocorrida um mês antes. "Minha vida acabou quando mataram meu enteado". A informação era de que uma reunião na chácara do Polaco decidiria como matar Jair e o filho. "Por isso, matamos todo mundo que chegava para a reunião". A polícia apurou que a chácara funciona como um ponto de distribuição de drogas e a desavença ocorreu por desacerto entre traficantes.

Audiência

A audiência transcorreu normal e a pouca divulgação antecipada evitou a presença do público. Mesmo assim, em torno de dez viaturas policiais escoltaram os três acusados. Segundo o promotor de justiça que acompanha o caso, Marcos Andrade, a pouca publicidade foi para evitar tumultos.

Na sala de audiência não foi permitida a presença da imprensa. Apenas o acusado, o juiz, os promotores Marcos e Júlio Cezar da Silva, os advogados de defesa e os policiais participaram. Nas demais repartições do fórum o expediente foi normal.

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