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Fatalidade

Fator genético torna infecção doença grave

A sepse, que causou a morte da modelo Mariana Bridi, é muito rara e pode ser tratada desde que o quadro inflamatório for diagnosticado com rapidez

Mariana: das primeiras dores à morte, passaram-se apenas três semanas. | Divulgação/Agência Estado
Mariana: das primeiras dores à morte, passaram-se apenas três semanas. (Foto: Divulgação/Agência Estado)

A morte da modelo capixaba Mariana Bridi, 20 anos, em decorrência de uma infecção generalizada, causou comoção em todo o Brasil e ganhou repercussão internacional pela gravidade e rapidez com que ocorreu. Em apenas três semanas, o que era uma infecção urinária evoluiu para um quadro mais grave, o qual exigiu a amputação de seus pés e mãos. O procedimento não surtiu efeito e a modelo morreu no sábado. Apesar de a sepse poder se originar de qualquer infecção, médicos dizem que é muito raro isso acontecer.

Casos em que a doença evolui de maneira tão agressiva são raros. Estima-se que isso aconteça em apenas 5% das vezes. O ministro da Saúde, José Temporão, disse ontem que o caso da modelo foi "extremo". "Conversando com alguns colegas, especialistas, soube que eles ficaram surpresos com a evolução (da doença)."

O médico Sérgio Penteado, chefe do departamento de clínica médica e infectologia do Hospital Evangélico explica que casos como o de Mariana – duas vezes finalista do Miss Mundo Brasil – não são a maioria. "As infecções urinárias são doenças que, após o diagnóstico correto, costumam ter uma evolução favorável. A não ser quando existe algum agente obstrutor do trato urinário e que pode levar a alguma infecção mais grave. Casos assim acontecem geralmente em pacientes que possuem alguma alteração imunológica que é própria do indivíduo, de origem genética", esclarece.

De acordo com o médico infectologista e professor da Universidade Federal do Paraná Clovis Arns da Cunha, existem diferentes tipos de infecções urinárias. Mariana teve uma pielonefrite (as bactérias atacaram os rins). O quadro agravou-se porque a bactéria caiu na corrente sanguínea, causando complicações em outros órgãos. Segundo ele, o agente causador da da infecção – a bactéria pseudomonas aeruginosa –, é uma bactéria hospitalar, que raramente causa infecções comunitárias (presente antes de o paciente se internar).

Infecção urinária

Em 80% dos casos, as infecções urinárias são causadas por uma bactéria chamada Escherichia coli, que habita a flora intestinal e pode acabar migrando para o trato urinário. "Essas infecções são mais frequentes em mulheres, por isso é importante ter uma higiene adequada e evitar de ficar segurando a urina por muito tempo", alerta Cunha.

Quando a infecção urinária atinge os rins, como aconteceu com Mariana, ocorrem dores lombares que são facilmente confundidas com cálculo renal. "A diferença é que quando há infecção, há febre", explica o médico. No caso da modelo, a infecção acabou se alastrando pelo organismo. É a chamada sepse. "Qualquer infecção pode evoluir para sepse. O quadro mais grave que pode ocorrer é o chamado choque séptico, quando há alterações na pressão arterial. Nesses casos, se não houver tratamento, a mortalidade sobe 8% a cada hora", diz. Embora a sepse tenha repercussões em diferentes funções do organismo, quando tratada corretamente, ela pode ser combatida sem deixar sequelas.

De acordo com a médica infectologista Carla Regina Martins, do Hospital Pilar, quando a pessoa estiver com dores na lombar, febre ou dificuldade para urinar, é preciso, rapidamente, se consultar. "Principalmente no caso de gestantes ou pessoas que se submetem a tratamentos imunossupressores como quimioterapia, em que essas infecções podem ser mais perigosas", alerta.

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