
Quem passa pela MG-383 perto do limite de Conselheiro Lafaiete e São Braz do Suaçuí, na região central de Minas, e vê uma propriedade quase em ruínas dificilmente imagina a história que pesa sobre a castigada estrutura. Mas era ali que o advogado e poeta Inácio José de Alvarenga Peixoto recebia, no século 18, amigos que planejavam se livrar do domínio da coroa portuguesa. O grupo, composto entre outros pelos também poetas Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga e pelo alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, encabeçava a Inconfidência Mineira e usava a Fazenda Paraopeba para reuniões.
Agora, começa a ser afastado o risco de que o resto dessa história se perca sob os escombros da propriedade. A prefeitura de Conselheiro Lafaiete acaba de decretar o bem como de utilidade pública e desapropriar a fazenda, que será restaurada pela Ferrous Resources do Brasil para ser transformada em um centro cultural e ponto de referência da Estrada Real.
As medidas fazem parte de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público Estadual (MPE) de Minas como parte da compensação pelo impacto ambiental que a Ferrous causará com a mina Viga, de minério de ferro, também na região. "A fazenda tem grande importância. E a atividade mineradora tem um impacto forte. Dessa forma, todo mundo sai ganhando, porque a fazenda é preservada e a empresa ganha em sua imagem", avalia o promotor de Justiça e curador do Patrimônio Histórico de Conselheiro Lafaiete, Glauco Peregrino.
"Sozinho, o município não teria condição de fazer a desapropriação e o restauro", observa o prefeito José Milton Rocha (PSDB). Peregrino conta que, com o decreto e consequente processo de desapropriação, a Ferrous já fez o depósito judicial para o pagamento pela propriedade e agora terá 60 dias para escorar a estrutura.



