Por que o brasileiro faz tanto xixi na rua? As autoridades culpam o folião; dizem que é falta de educação. O folião culpa as autoridades; diz que é falta de banheiro. A verdade é que o carnaval acabou deixando muito mais que saudade pelos cantos, muros e postes.
No Rio de Janeiro a atriz Maria Menezes foi a um animado bloco no Rio. Sua missão: tentar entender porque o folião insiste tanto em "regar as plantinhas" por onde passa. A atriz flagrou vários homens fazendo xixi nas ruas. Muitos faziam perto de banheiros químicos.
Neste domingo (1º), duas pessoas foram detidas por urinar na rua durante o desfile do Monobloco, no Centro.
As "lembrancinhas" do carnaval são espalhadas pela cidade e fica tudo por isso mesmo. A reclamação acaba ficando só no olhar. Mas na hora H, a maioria desiste de reclamar.
Contra a lei
Quem faz xixi em público, na frente dos outros, está brincando com a lei. "Você incide no crime de ato obsceno. Aí você expõe seu órgão genital para as pessoas que passam ali, muitas vezes crianças, idosos", explica o promotor de Minas.
"Pode responder por um ato obsceno, que é o artigo 233 do Código Penal. Podendo pagar uma multa ou ficar detida de três meses até um ano", explica o comandante da PM Henrique Castro.
Guerra contra "exibidinhos"
A cidade mineira de Diamantina já declarou guerra aos exibidinhos. Só no ano passado, cerca de 20 pessoas que fizeram xixi em público foram presas em flagrante e tiveram que pagar uma multa. Outras dez estão sendo processadas.
"A gente sabe que existe uma necessidade fisiológica invencível. O problema é quando a pessoa usa essa necessidade para ofender as pessoas que passam pelo local", disse o promotor de justiça Enéas Gomes.
O caso de um folião que fez xixi na rua foi parar até no Supremo Tribunal Federal e acabou voltando para a justiça de Minas.
"É um contrasenso um caso desse porte chegar ao Supremo, que certamente lida com questões muito mais complexas e importantes para a nação".
O processo agora está suspenso por dois anos. Mas até hoje dá dor de cabeça ao folião, que não quis dar entrevista.
"Se ele cumprir alguns requisitos do tipo obter ocupação lícita e comparecer mensalmente à Justiça, não se ausentar da comarca por um determinado período, passados esses dois anos, o processo será arquivado", disse o promotor.



