
Não é por falta de praias ou paisagens paradisíacas que a região do Vale do Ivaí, no Norte do Paraná, não pode atrair turistas. Com belos templos, edificações e parques de temáticas sacras, a região encontrou no turismo religioso uma vocação que deve se transformar em rota formal até janeiro do próximo ano. A ideia ganhou força após o 10º Congresso Internacional de Turismo Religioso Sustentável, realizado em junho, em Apucarana, cidade escolhida para ser o centro da Rota da Fé do Norte do Paraná, que agregará 26 municípios.
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O diretor-presidente da Fundação Cultural e Turismo de Apucarana, Ednei Roberto Rosina Mansano, explica que a rota será formada por dois percursos, um menor e outro mais longo, com uma semana de duração. "Somente aqui no município, a ligação com o sagrado é forte. Temos o Parque da Redenção, a Catedral de Nossa Senhora de Lourdes, o Parque Santo Expedito, o Santuário São José. Somente depois do congresso, já recebemos visitantes do Uruguai, Paraguai, Chile e México."
Mansano ressalta, no entanto, que a ideia é fomentar visitas em todo o cinturão religioso do Vale do Ivaí, que inclui cidades importantes como Astorga, Ivaiporã, Fênix e Lunardelli. O primeiro passo para a concretização da rota foi um inventário turístico da região, feito há vários anos, em parceria com a Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana (Fecea). "Nosso objetivo não é centrar somente em Apucarana, nem apenas no catolicismo, porque a região tem muitos templos budistas e o maior templo da Congregação Cristã no Brasil. Quando falamos em rota da fé, tiramos o peso de apenas uma religião."
A rota, explica Mansano, foi desenvolvida pensando na existência de dois tipos de visitantes religiosos: os romeiros, que vão atrás de pagar promessas e têm permanência curta, e os turistas, que buscam conhecer a cidade e os atrativos locais. "Existe uma ligação muito forte do sagrado com a natureza. Não queremos que o turista se hospede em Apucarana e vá até Lunardelli, apenas. Nossa intenção é proporcionar turismo com qualidade de vida, sem pressa, sem o agito da cidade."
Até o momento, mais de 30 placas já foram instaladas em Apucarana, com indicações dos pontos turísticos. A ideia daqui para frente é ampliar os roteiros já existentes, como o Fé na Estrada, uma caminhada de 118 quilômetros de Apucarana a Lunardelli, em parceria com a Emater. As caminhadas são realizadas mensalmente, com duas edições internacionais já conhecidas dos turistas: uma em 14 de julho e outra em 23 de novembro.
Santuário, ponto de testemunhos em Apucarana
O Santuário de São José, em Apucarana, já faz parte do caminho dos devotos do patrono dos trabalhadores na região e deve também integrar o roteiro de turismo religioso no Vale do Ivaí. O ápice da concentração dos peregrinos é em 1º de Maio, quando fieis de outras cidades do Brasil seguem a Apucarana para fazer orações e pedir bênçãos.
Mário Felipe Rodrigues, missionário leigo pregador no Santuário, relata que é comum os visitantes testemunharem graças, como o fim do desemprego. "Sentimos que a devoção por São José é muito grande. As pessoas vêm de longe com suas carteiras de trabalho pedir ajuda." A movimentação dos cerca de 2 mil romeiros começa às 5 horas e eles seguem juntos em procissão.
Todo dia 19 de cada mês também há uma novena para o santo, com 700 fiéis em três horários. O santuário conta ainda com Adorações ao Santíssimo todas as quintas-feiras, e uma missa de cura e libertação em intervalos de dois meses. As celebrações atraem 1,2 mil pessoas a cada edição, num local projetado para 900 pessoas.Integração
Criado em 2000, o Santuário de São José tem suas atividades desenvolvidas de forma integrada em Apucarana com a paróquia de mesmo nome, com um colégio privado e o Centro de Espiritualidades Josefino, único centro de estudos sobre o santo em língua portuguesa na América Latina. Segundo Rodrigues, toda a formação Josefina do país sai do município. Um museu com mais de 600 imagens de São José também compõe os domínios do santuário.




















