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Polêmica

Fechamento de escola revolta comunidade

Prefeitura vai desativar escolas rurais de Almirante Tamandaré. Moradores organizam abaixo-assinado contra a medida

Fundada há 149 anos, a Escola Antônio Prado encerrará as atividades no dia 23 de abril: 56 alunos terão de ser transferidos | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Fundada há 149 anos, a Escola Antônio Prado encerrará as atividades no dia 23 de abril: 56 alunos terão de ser transferidos (Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo)

A decisão da prefeitura de fechar uma escola centenária e transferir todos os alunos provocou indignação nos moradores da Colônia Antônio Prado, em Almirante Tamandaré, região metropolitana de Curitiba. O encerramento das atividades na Escola Municipal Antônio Prado, existente há 149 anos, está marcado para a quinta-feira da semana que vem. Um movimento chamado "Escola não se fecha" foi organizado pela comunidade, que já providenciou abaixo-assinado, manifestações nas ruas e convocação de vereadores para tentar reverter a situação. O secretário municipal de Educação, Romildo de Brito, afirma que não há como voltar atrás no fechamento da escola. No local serão atendidas 170 crianças no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), no contraturno escolar.

A comunidade reclama que foi avisada em cima da hora sobre a decisão – a menos de um mês – e não se conforma com o fechamento. A dona de casa Cláudia Antoniacomi, 27 anos, mãe de uma aluna do 2º ano do ensino fundamental conta que não sente segurança em ter de transferir sua filha para outra escola. "O transporte escolar é ruim. Vão misturar crianças pequenas com as grandes. Vou ter de levar minha filha a pé e será meia hora de caminhada", diz. A dona de casa conta que toda a sua família, inclusive ela, estudou na Antônio Prado. "O ensino lá é muito bom. Parei de estudar por opção, não porque a escola era ruim", diz.

Já a dona de casa Neide Pereira de Lima, 42 anos, mãe de um estudante do 1º ano do ensino fundamental, conta que após o assassinato da professora Sílvia Regin da Silva, de 42 anos, ocorrida em dezembro do ano passado, uma reunião foi feita entre o secretário de Educação e os pais dos alunos. " Ele queria sugestões. Ficou de melhorar a escola e mandar psicólogos e agora quer fechar", diz.

O assassinato da professora ocorreu na manhã de 11 de dezembro de 2008, no pátio da escola, em frente das crianças. Foi considerado passional e não tinha relação com atos de violência na escola. O ex-marido de Sílvia, Daniel Ângelo da Silva, 46 anos, principal suspeito, chegou a ser detido, mas hoje está foragido.

Planejamento

O secretário afirma que a decisão segue um planejamento do município em fechar escolas rurais com salas multisseriadas, atendendo a diretrizes da Resolução 01/2002, do Conselho Nacional de Educação. Brito conta que das 16 escolas rurais existentes em Almirante Tamandaré, oito já foram fechadas. "A intenção é fechar todas as escolas rurais e acabar com as salas multisseriadas. Queremos com isso melhorar a qualidade da educação no município", diz.

Porém uma professora da escola que prefere não se identificar explica que a Antônio Prado é uma escola urbana e existe apenas uma sala multisseriada, dos 56 alunos matriculados em seis turmas. "Aquela escola não é rural mas entrou dentro do planejamento de fechamento porque não tem demanda. São poucos alunos. Temos apenas 32 matriculados", diz o secretário. Brito ainda explica que foi dada opção de duas escolas, localizadas a menos de um quilômetro da Antônio Prado, para que os pais façam a transferência dos alunos.

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