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Guerra ao tráfico

Fiéis pedem paz na Penha

Missa de domingo lotada em igreja tradicional próxima ao Complexo do Alemão sinaliza confiança da população em ações da polícia nos morros cariocas

Igreja da Penha, no alto do morro de 111 metros: lugar já foi mirante de traficantes | João Laet/ Agência O Dia
Igreja da Penha, no alto do morro de 111 metros: lugar já foi mirante de traficantes (Foto: João Laet/ Agência O Dia)

Uma semana após a ocupação policial do Complexo do Alemão, o domingo teve missa lotada na Igreja da Penha e ruas cheias da região, mas moradores ainda temem que a paz seja temporária.

Famosa pelos 382 degraus da escadaria principal, a igreja já chegou a ser usada como ponto de monitoramento de traficantes. Do pátio, é possível avistar a Vila Cruzeiro e o Alemão.

A Igreja da Penha é uma das mais tradicionais da cidade, cons­­truída no topo de uma rocha de 111 metros de altura. Do alto do pátio é possível avistar as favelas da Vila Cruzeiro e as que compõem o Complexo do Alemão.

Com todos os bancos e laterais da igreja lotados, e a presença de muitas crianças, o sermão foi sobre a proximidade do Natal e o seu significado para os católicos.

Ao final, o padre Elias – que acredita no renascimento da comunidade – sugeriu aos fiéis que comprassem cartazes com o texto: "Jesus está nascendo na nossa família". Ele recomendou que eles fossem pendurados logo na entrada das casas "para todo mundo ver que a paz está chegando na sua comunidade".

A dona de casa Marilane da Silva, 53, há dois anos tentava pagar a promessa de subir a escadaria de joelhos pela melhora da saúde de um parente. Só após a ocupação policial criou coragem.

Claudia Varelo, 39, moradora do bairro, levou um primo para conhecer o local. "A partir da operação, tenho esperança de ter paz por dois ou três anos. Isso sempre vai existir [o tráfico], é preciso policiamento constante.’’

Um dos poucos fiéis que estiveram na missa da semana passada, quando o sermão ocorreu ao som de helicópteros sobrevoando a região, o aposentado Antonio Lourenço, 76, disse que não abre mão de frequentar o local. "Minha vida inteira foi aqui. Nossa fé não se abala.’’

Alemão

A preocupação nas favelas, po­­rém, persiste. "Tudo está mais tranquilo, mas ainda tem bastante gente [traficantes] circulando’’, disse uma moradora que não quis se identificar. "Está bom, mas ainda é cedo para comemorar’’, afirmou Luzia, 40.

Acompanhado de duas filhas pequenas, o vigia André, 38, não cria expectativas. "Tenho dois empregos. Só entro em casa para tomar café e dormir no fim de semana. Quando eles [Exército] forem embora, quem vai garantir a nossa segurança?’’

Já o conferente de transportadora, Marcos Antonio, 41, disse que as pessoas estão saindo mais de casa. "Estou mais confiante, uma hora a gente tem de acreditar.’’

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