
A fila de espera para conseguir consulta com ortopedistas no Paraná é superior a 46 mil pacientes. O dado corresponde às cinco maiores cidades do estado Curitiba, Londrina, Maringá, Ponta Grossa e Foz do Iguaçu. Em todo o Paraná, são 787 médicos especialistas em atividade, conforme registros do Conselho Regional de Medicina (CRM). Mesmo assim, a assistência a vítimas de torções, dores na coluna ou traumas ósseos é considerada um dos principais gargalos do sistema público de saúde do estado.
A demora em marcar consultas faz com que os pacientes sejam obrigados a esperar mais de dois anos pelo tratamento, que geralmente exige exames, retornos ao médico e, em alguns casos, cirurgias. A situação mais complicada é a de Londrina, no Norte do estado, que possui um total de 18.651 pessoas à espera do tratamento. Segundo a médica Maria Fátima Tomimatsu, da Diretoria de Regulação da Atenção à Saúde, 83% desses pacientes podem aguardar até 29 meses para conseguir uma consulta.
INFOGRÁFICO: Pacientes na espera das cinco maiores cidades do PR
"É importante esclarecer que a grande maioria dos pacientes está classificada como 0 e 1, casos que não são considerados como prioridade para nós", explica. Em abril deste ano, o Hospital Ortopédico de Londrina parou de atender pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A médica afirma, no entanto, que independentemente do desligamento da entidade, já existia fila de espera na maioria das especialidades de ortopedia, já que Londrina, segunda maior cidade do estado, é referência para a região Norte do Paraná.
Maria afirma que várias medidas estão sendo discutidas e implementadas, como a revisão dos contratos junto aos hospitais e prestadores. "Estamos em negociação para ampliação da oferta de consultas eletivas de ortopedia, bem como de cirurgias de média complexidade", diz. A cidade possui 63 especialistas que atendem pelo SUS.
Na capital
Em Curitiba, a Secretaria de Saúde está realizando uma triagem para determinar o número real de pacientes que aguardam consulta. A média gira em torno de 17 mil. "O tempo para conseguir atendimento varia. Se o caso é mais grave, tem preferência. Mas há situações que chegam a um ano", afirma César Titton, diretor de Redes de Atenção à Saúde.
Em junho, os dez serviços que atendem consultas ortopédicas no SUS conseguiram realizar 7.702 consultas, das quais 3.678 foram consultas iniciais. Ele afirma ainda que em maio foi publicada uma portaria do governo federal que pretende aumentar o financiamento para 41 procedimentos de média complexidade em traumatologia.
"É preciso também reconfigurar as filas de atendimento e aproveitar melhor as capacidades dos diferentes serviços envolvidos, como unidade de saúde, centro de especialidades, pronto atendimento e hospital", ressalta.
Espera exemplifica falha no diagnóstico
Os gestores municipais de saúde afirmam que grande parte dos casos encaminhados a especialistas poderia ser resolvida nas próprias unidades básicas. Em Curitiba, segundo César Titton, diretor de Redes de Atenção à Saúde, mais de 90% das queixas musculares e esqueléticas seriam resolvidas no posto de saúde. "Precisamos melhorar a capacidade diagnóstica e a resolutividade das equipes de atenção primária à saúde", salienta.
Em Maringá, que possui cerca de 6,5 mil pessoas na fila esperando atendimento ortopédico, a situação não é diferente. O secretário municipal de Saúde, Antônio Carlos Nardi, considera que maioria dos casos seria resolvida na atenção básica. "A demanda é muito grande. Se a gente atende 2 mil em um mês, nesse mesmo período entram mais 4 mil na espera. Precisa de mais médicos, mais vagas em residência. Faltam médicos para atender a rede pública", afirma.
Mutirão



