De acordo com os funcionários do Instituto Médico Legal (IML), dois chefes de plantão, dois motoristas e três auxiliares de necrópsia trabalham nos fins de semana. O escasso número de técnicos e o alto índice de mortes violentas desde a noite de sexta-feira refletiram na atuação do órgão. Um dos médicos seguiu em direção a Ponta Grossa, porque o IML de lá estava em greve (leia matéria na página 8). E um dos veículos seguiu em direção à BR-376, para trazer o corpo de um motorista que morreu em decorrência da queda de uma barreira.
Mirian Bueno, 25 anos, aguardava a liberação do corpo de seu pai, Aparecido Maurício Saqueto. Ele morreu às 6h15 de domingo, e a previsão do IML era que a família obtivesse os laudos e pudesse retirar o corpo apenas nas proximidades da meia-noite de ontem. "É um absurdo passar por essa humilhação em um momento tão complicada como a morte. No fim de semana, as mortes não deixam de acontecer", diz a filha.
Outras famílias, inclusive de Ponta Grossa, aguardavam pelo atendimento. "Parece que há falta de sensibilidade dos funcionários. Depois que a primeira pessoa da imprensa chegou aqui, ecomeçaram a atender de uma maneira mais humana", diz.
Não foi somente a liberação de corpos que esteve conturbada ontem. Dois rapazes que não querem ser identificados se dirigiram ao IML para realizar exame de corpo e delito. "Os funcionários pediram para voltarmos mais tarde", conta. Conforme os jovens, ao chegarem em uma casa noturna, na madrugada de domingo, foram agredidos pelos seguranças por serem confundidos com baderneiros. "Eles bateram em nós três sem qualquer razão", diz, com as costas à mostra.



