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justiça

Filha indenizada por abandono diz que tentou aproximação com pai

Luciane Nunes de Oliveira Souza contou que todos os anos fez presentes de Dia dos Pais na escola, mas que nunca soube a quem dar e acabava dando à mãe

A professora Luciane Nunes de Oliveira Souza, 38, afirmou que procurou o pai diversas vezes durante a infância, mas que ele nunca cedeu às tentativas de aproximação. No início da semana, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) determinou que ele pague indenização de R$ 200 mil pelo abandono afetivo.

Souza, que é casada e tem um filho, afirmou, em entrevista coletiva concedida nesta sexta-feira (4) em Sorocaba (99 km de SP), que quando era criança queria que o pai gostasse e cuidasse dela. Ela contou ainda que todos os anos fez presentes de Dia dos Pais na escola, mas que nunca soube a quem dar e acabava dando à mãe.

O processo movido por ela começou em 2000, em Sorocaba. Ele foi julgado improcedente em primeira instância, mas o Tribunal de Justiça reformou a decisão e concedeu indenização de R$ 415 mil. Com o recurso no STJ, porém, o valor baixou para os R$ 200 mil, que devem ser corrigidos desde 2008.

A ministra Nancy Andrighi, relatora do processo, afirmou que no caso não se discutia o amor do pai pela filha, e sim o seu dever jurídico de cuidar dela. "Amar é faculdade, cuidar é dever", afirmou.

A professora afirmou que seus pais tiveram um relacionamento de oito anos, que acabou quando sua mãe descobriu que estava grávida. Depois disso ele constituiu família e teve outros filhos. No processo, Souza afirmava inclusive que foi tratada de forma diferente em relação aos outros filhos de seu pai.

O STJ já havia analisado a questão em outros processos, nos quais recusou o pedido, sob o argumento de que não caberia indenização em caso de abandono afetivo. Um deles foi levado a julgamento pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que também recusou o pedido de indenização.

Souza afirmou que está muito feliz com a decisão. Ela destacou, no entanto, que isso não vai suprir a falta que o pai fez durante toda sua vida, mas que serve como sinalização para todo o Brasil de que a paternidade exige cuidado.

O advogado do pai afirmou que deve recorrer no processo. Ele disse que estuda a possibilidade de levar a questão ao Supremo.

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