Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Dia mundial da alimentação

Fome diminui pela metade em dez anos no Brasil

Apesar dos avanços, 14 milhões de brasileiros não têm comida na mesa todos os dias

Cristina tem quatro filhos e espera o quinto: fome no fim do mês | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Cristina tem quatro filhos e espera o quinto: fome no fim do mês (Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo)
Conheça alguns programas na área de segurança alimentar |

1 de 1

Conheça alguns programas na área de segurança alimentar

Hoje, no dia mundial da alimentação, o Brasil finalmente tem algo para comemorar: o número de pessoas que passam fome diminuiu pela metade na última década. Com as políticas públicas na área de segurança alimentar, o país conseguiu atingir antecipadamente o primeiro Objetivo do Milênio, que é reduzir pela metade a miséria e a fome até 2015. Em 2004, de acordo com Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), havia 6,5% da população com insegurança alimentar grave, na iminência de passar fome. Em 2006, o Ministério de Desenvolvimento Social (MDS) afirma que esse porcentual já havia diminuído mais 2%.

No estado do Paraná, são investidos mais de R$ 50 milhões por ano em programas como o Compra Direta, que adquire alimentos direto de produtores rurais e os repassa a escolas, abrigos e creches, e o Restaurante Popular, que oferece refeições de baixo custo. Crispin Moreira, diretor da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar, diz que 25 % dos domicílios mais pobres deixaram de passar fome. "Agora a meta é combinar transferência de renda e acesso à alimentação de qualidade".

Mas, apesar dos avanços nos últimos anos, ainda existem no Brasil 14 milhões de pessoas passando fome, quase a população de Portugal. Esse é o caso de Cristina de Lima Rodrigues, 24 anos, zeladora. Ela tem quatro filhos, de 2, 4, 5 e 6 anos. Grávida de cinco meses, ela sustenta sozinha a casa com R$ 470 mais os R$ 120 do Bolsa Família. Com esse di-nheiro, paga R$ 200 de aluguel, água, luz e comida. Com a renda, ou a falta dela, muitas vezes no fim do mês nem o arroz e o feijão estão no armário.

O pai das crianças foi embora em função da bebida e não paga pensão. "Meu sonho é ter um terreninho para não pagar aluguel, pois no final de todo mês passamos aperto", diz. "Quero que eles (os filhos) estudem e tenham um futuro melhor que a vida que eu tive, pois já passei muita fome."

Desafio

A pesquisa realizada pelo IBGE mostra que, em 2004, 60,2% dos moradores em domicílios particulares do país, o equivalente a 109 milhões de pessoas, estavam em segurança alimentar, ou seja, alimentavam-se de forma correta. Apesar disso, por outro lado, havia 34,8% dos domicílios em situação de insegurança alimentar (IA), onde residiam cerca de 72 milhões de pessoas. Esse índice de IA é dividido em leve, moderado e grave.

Crispin Moreira afirma que o desafio do país nos próximos anos será atender justamente as pessoas que têm IA leve ou moderada. "É a população que teve restrições ou falta de dinheiro no final do mês, que impossibilitou a compra de mais alimentos", explica. "Para atendê-las, precisamos fortalecer as áreas de trabalho, renda e educação de forma geral."

Dulcelene Gaída, 32 anos, tem uma história semelhante à de Cristina. Ela é mãe de quatro filhos, com 13, 12, 5 e 2 anos, e também foi abandonada pelo marido. As crianças foram abrigadas em função da pobreza da família, já que os únicos alimentos que tinham em casa eram arroz, óleo e açúcar. Antes do fim do casamento, ela trabalhava como zeladora em dois locais e o marido ficava com os filhos. "Fico muito triste, pois sempre fui apegada a eles e sei que estão sofrendo com a minha falta."

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.