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Bandeiras do Brasil e do Rio de Janeiro são hasteadas na comunidade João Goulart, em Manguinhos | Vladimir Platonow/ABr
Bandeiras do Brasil e do Rio de Janeiro são hasteadas na comunidade João Goulart, em Manguinhos| Foto: Vladimir Platonow/ABr

Há quatro anos UPPs fazem parte da realidade da cidade

As UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) começaram a ser instaladas no Rio em 2008 na tentativa de aproximar a população e a polícia. O esforço é para recuperar os territórios ocupados por traficantes e milicianos. As informações são da Agência Brasil.

A ideia é instalar UPPs não só na capital como também em cidades que apresentam problemas semelhantes aos registrados no Rio. No total, com a operação deste domingo no Jacarezinho e no Complexo de Manguinhos, serão 29 UPPs instaladas no Rio.

A Secretaria de Segurança do Rio informou que mais de 280 mil pessoas são beneficiadas pelas unidades. A polícia comunitária é a execução da estratégia de parceria entre a população e as instituições da área de segurança.

Complexo da Maré deve ser o próximo alvo

O secretário de segurança do Rio, José Mariano Beltrame, sinalizou que o processo de ocupação deve prosseguir em direção às favelas do complexo da Maré. "Na medida em que a gente avança, vai ficando muito fácil ver para onde seguir. Obviamente, não vou dizer (se a Maré será ocupada). Mas no final as comunidades ocupadas vão formar o desenho de uma parábola. Basta acompanhar esta parábola para perceber para onde estamos indo", disse o secretário.

Na linha imaginária citada por Beltrame, após Jacarezinho e Manguinhos, estaria o conjunto de 16 favelas do complexo da Maré, território hoje loteado entre facções rivais de traficantes e grupos de milicianos.

Sobre a ocupação realizada na manhã deste domingo (14) no Complexo de Manguinhos e na favela do Jacarezinho, o secretário afirmou que a prioridade era dominar a região.

"Não estamos preocupados em fazer do marginal um troféu. Prender é importante, porém, mais importante é devolver o território a 70 mil pessoas sem fazer um disparo sequer", disse Beltrame, que reconheceu a dificuldade associada à ocupação de uma área como Manguinhos. "Não temos motivos para comemorar, porque, infelizmente, acho que ainda teremos muito trabalho pela frente".

Segundo o secretário, a busca pelos criminosos da região começou em operações pontuais realizadas nos últimos dias, que resultaram na prisão de 51 pessoas, 21 armas (sendo três fuzis) e cinco granadas."Fizemos ações em sete localidades na semana que passou. E o dia de hoje fecha como a retomada do espaço, sem provocar danos colaterais", acrescentou o coronel Alberto Pinheiro Neto, chefe do Estado-Maior da PM, que participou da entrevista coletiva concedida por Beltrame

Região está entre as mais perigosas da cidade

As regiões ocupadas neste domingo (14) estão entre os mais importantes redutos da facções criminosas do Rio. Foi dali que partiram os bandidos que, em 3 de julho deste ano, resgataram de dentro da 25ª DP (Engenho Novo) o traficante Diogo de Souza Feitosa, o DG. O criminoso é um dos chefes da venda de drogas na área. De acordo com o último Censo do IBGE, as duas comunidades têm cerca de 71 mil moradores: 36 mil em Manguinhos e 37 mil no Jacarezinho.

A região fica perto de três importantes vias expressas da cidade: a Avenida Brasil e das linhas Vermelha e Amarela. Manguinhos também é conhecido por abrigar a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), um dos mais importantes polos científicos do país, e uma refinaria de petróleo.

Em 2007, a Favela do Jacarezinho ficou marcada pelo ataque a um trem onde estava uma comitiva com integrantes do governo federal e estadual. Dois ministros e um secretário estadual faziam o trajeto de inauguração das obras de revitalização do acesso ferroviário ao Porto do Rio, no Caju, Zona Norte, foram surpreendidos por tiros disparados por criminosos da comunidade. Os disparos levaram pânico aos passageiros. No trem estavam jornalistas e outros convidados, além dos ministros Pedro Brito, dos Portos, e Márcio Fortes, das Cidades. O secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, também participava da viagem. O governador Sérgio Cabral participou da inauguração, mas não fez a viagem de trem.

O entorno das favelas do Complexo de Manguinhos e do Jacarezinho amanheceu já nesta sexta-feira tomado por policiais dos batalhões de Choque e de Operações Especiais. A ronda se limitou ao entorno das favelas. Motoristas, pedestres e veículos foram revistados, mas não houve prisões ou confronto. Foram apreendidas 13 máquinas caça-níqueis.

Segundo o serviço de inteligência das polícias, com a ocupação, o Parque União, na Maré, e as favelas do Lins de Vasconcelos devem se tornar refúgios dos traficantes da maior facção do Rio, que já tinha perdido o Complexo do Alemão.

  • Soldados do Exército durante a ocupação no Rio
  • Policiais ocupam a Favela do Jacarezinho, na manhã deste domingo
  • Policial durante a ocupação da Favela do Jacarezinho
  • A favela do Jacarezinho, que tem o sexto pior IDH entre as comunidades do Rio
  • Cerca de 1,3 mil homens participam da operação nas comunidades do Rio
  • Helicóptero da política patrulha a região de Manguinhos durante a operação de ocupação
  • Policial no Complexo de Manguinhos
  • Flagrante de uma briga de galos durante a ocupação do Complexo de Manguinhos, no Rio, na manhã deste domingo
  • Policial no Complexo de Manguinhos: comunidades foram ocupadas em 20 minutos, segundo a Secretaria de Segurança do Rio
  • Policiais patrulham local frequentado por usuários de crack no Complexo de Manguinhos, no Rio
  • Blindando da Marinha durante a ocupação do Complexo de Manguinhos
  • Barragem de fogo feita por traficantes para tentar impedir o avanço das forças de segurança na Favela do Jacarezinho, no Rio

O hasteamento das bandeiras do Brasil e do Rio de Janeiro marcou a retomada do Complexo de Manguinhos e da Favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio. A operação começou por volta de 5 horas deste domingo (14) e contou com cerca de 1,3 mil homens da Polícia Militar e da Marinha. Seis blindados da Marinha e cinco da PM prestaram auxílio. Equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) entraram na comunidade dentro de tanques e foram seguidas por outros carros da polícia.

Veja fotos da ocupação

O comandante do Bope, tenente-coronel René Alonso, considerou tranquila a ocupação. "A incursão ocorreu de forma tranquila, com o apoio da Marinha, da forma que se esperava, sem vítimas. O território está retomado, agora vamos trabalhar. O desafio é vasculhar a região e, para isso, contamos com o apoio da população, por meio de informações", disse René.

O Bope utilizou 150 homens na operação e permanecerá por cerca de quatro meses em Manguinhos, com cerca de 50 policiais por turno, até ser instalada a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Segundo o oficial, serão necessárias pelo menos quatro bases para atender à região.

A praça onde foi instalado o mastro das bandeiras foi construída pelo comerciante Marcelo de Carvalho, que tem uma padaria em frente. "Isso tudo era um lixão, cheio de ratos. Nós fizemos a praça nesse espaço degradado, aproveitando as sobras das obras do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]", contou Marcelo, que estuda ciências sociais na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

O defensor público Felipe Almeida explicou que a presença da instituição visa a garantir o respeito aos direitos humanos e que deverá ser instalado um núcleo da defensoria em breve. "Nós viemos para ver se tudo ocorreu dentro do respeito às leis, se houve algum relato de maus-tratos praticados pela polícia, mas os moradores receberam as forças policiais na maior tranquilidade", disse o defensor.

Além de Manguinhos, também foram ocupadas as comunidades do Jacarezinho, de Mandela e de Varginha. No Jacarezinho foram utilizados efetivos da Polícia Civil, que permanecerão no local, ainda sem data prevista para receber a UPP. Dentro de alguns meses, será inaugurada na área a Cidade da Polícia, reunindo em um só lugar todas as delegacias especializadas.

Pouca resistência

Na chegada dos militares, alguns fogos de artifício foram lançados, mas não houve confronto. As equipes contam com retroescavadeiras para retirar barreiras colocadas por traficantes nos acessos da comunidade. Um blindado da Marinha chegou a passar por cima de uma delas, feita de concreto.

Na Favela do Jacarezinho, ocupada pela Polícia Civil, seis tiros foram disparados na chegada dos agentes. Uma pessoa ficou ferida por estilhaços. O rapaz, ainda não identificado, foi atendido pela ambulância da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). Segundo a polícia, ele colocava fogo em uma barricada em um dos acessos à comunidade. Ainda não há informações sobre o estado de saúde do suspeito. Os traficantes colocaram barreiras para impedir a entrada dos comboios.

Em Manguinhos, policiais do Bope tiveram que usar explosivos para destruir uma barreira na Rua Gil Gaffré. Há cerca de um mês, uma outra barreira já havia sido retirada do local pelos agentes. Desta vez, a estrutura foi colocada junto a uma residência. O Bope usa uma retroescavadeira para não prejudicar a casa. As forças das polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal continuam nos dois complexos em operações de buscas de criminosos e apreensões de armas, drogas, objetos roubados.

Pela manhã, segundo o comandante do Bope, foram apreendidos 10 kg de maconha perto de torres de transmissão de energia em Manguinhos. No Jacarezinho, a polícia apreendeu cerca de 10 kg de pasta base de cocaína. Policiais militares devem hastear por volta das 10h, na Praça do Meio, em Manguinhos, as bandeiras do governo do estado e do Brasil. O hasteamento das bandeiras simboliza a chegada da pacificação na região. Contêineres que servirão de base para a polícia já chegaram ao local.

Os policiais do Bope e fuzileiros navais deixaram, por volta de 4h50, o Centro de Farmácia da Marinha, em Benfica, onde estavam concentrados, e seguiram para as favelas. A polícia ocupa as comunidades para dar início ao processo de pacificação da região. A Secretaria de Segurança informou que mais de 2 mil homens, entre policiais militares, civis e federais, além de fuzileiros navais, estão mobilizados na operação.

A PM informou que cerca de 1,3 mil homens foram deslocados: 900 policiais do Bope, do Batalhão de Choque (BPChq), do Batalhão de Ação com Cães (BAC) e do Grupamento Aéreo-Marítimo (GAM) estão em Manguinhos, enquanto 400 policiais atuam na Baixada Fluminense e nas zonas Norte e Oeste, no cerco e busca de armas, drogas e criminosos em várias ruas e comunidades.

Segundo a Secretaria de Segurança, a PM atua na incursão das favelas de Manguinhos, Mandela, Varginha, enquanto 165 agentes da Polícia Civil dão apoio na comunidade do Jacarezinho, vizinha ao Complexo de Manguinhos. Os policiais são da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e de várias delegacias distritais e especializadas. Ele contam com o apoio de dois helicópteros.

Outros 300 policiais civis também estão mobilizados na operação. Além da Core, as delegacias envolvidas na operação são: 18ª DP (Praça da Bandeira), 19ª DP (Tijuca), 21ª DP (Bonsucesso), 22ª DP (Penha), 23ª DP (Méier), 24ª DP (Piedade), 25ª DP (Engenho Novo), 26ª DP (Todos os Santos), 28ª DP (Campinho), 29ª DP (Madureira), 37ª DP (Ilha do Governador), 41ª DP (Tanque) e 44ª DP (Inhaúma), DDSD, DPCA, DELFAZ, DRF, DHBF, DPMA, DRFA, DAS, DCOD, DRCPIM, DDEF, DCAV, DPCA/Niterói e Polinter. Os presos e o material apreendido serão levados para a 21ª DP (Bonsucesso) e a 25ª DP (Engenho Novo).

Cerca de 100 agentes e um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal também participam da operação de no Complexo de Manguinhos e Jacarezinho. Agentes da Polícia Federal também apoiam a operação, com foco nas ações de inteligência. Há ainda a presença de ambulâncias do Corpo de Bombeiros, no atendimento pré-hospitalar.

Ao todo, 13 tanques da Marinha, de três modelos diferentes, e participam da operação. A Polícia Militar conta com 11 veículos blindados. De acordo com os fuzileiros navais, 177 militares estão no entorno das comunidades com os tanques. Eles dão apoio logístico aos policiais que participam da ação. Além dos veículos blindados, três helicópteros da PM são utilizados. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, chegou à base da Marinha por volta de 4h, para acompanhar o trabalho dos militares, mas não falou com os jornalistas.

Ruas vazias

Poucas horas antes da ocupação das comunidades de Jacarezinho e Manguinhos, na Zona Norte, o clima no interior das favelas era de tranquilidade, apesar da apreensão e ansiedade em torno da operação policial. De acordo com moradores ouvidos pelo GLOBO, no início da madrugada deste domingo, as ruas estavam vazias e silenciosas, mas, com a ocupação das forças de segurança, as pessoas foram retomando sua rotina.

Antes da entrada dos policiais, as cracolândias que funcionavam no interior e nos arredores das áreas que serão ocupadas pelas forças de segurança estavam sem nem um usuário sequer, e as bocas de fumo foram abandonadas. No entanto, durante a operação, a Secretaria municipal de Assistência Social recolheu, 104 usuários de crack no entorno das comunidades do Complexo de Manguinhos e da Favela do Jacarezinho. Entre os retirados das ruas, 15 são menores.

O Centro de Operações da prefeitura do Rio divulgou, na madrugada deste domingo, as ruas que ficarão interditadas para o trabalho dos militares. São elas: Av. Dom Helder Câmara, na altura da Av. Ademar Bebiano e, na altura da Av. Leopoldo Bulhões; Av. Leopoldo Bulhões, na altura da Linha Amarela; Largo de Benfica; Estrada Velha da Pavuna, na altura da Rua Francisco Medeiros; e Rua Danke de Matos, na altura da Rua Manoel Fontenele.

A operação para pacificar o Complexo de Manguinhos foi confirmada neste sábado pela Secretaria de Segurança. As ações fazem parte da preparação para a instalação da futura Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) de Manguinhos, a 29ª do estado. Nas 28 UPPs do Rio, moram cerca de 400 mil pessoas. Segundo a secretaria, o Jacarezinho será apenas ocupado para apoiar o trabalho da PM em Manguinhos, e ainda não irá receber uma UPP.

A secretaria pede a colaboração dos moradores das comunidades, que devem apresentar seus documentos de identidade sempre que pedido, e afirma que é importante que a população ajude a polícia a localizar criminosos e esconderijos de drogas, armas e objetos roubados, ligando para o Disque Denúncia (2253-1177).

Veja fotos da ocupação

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