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Os ventos desta quinta (3) chegaram a atingir a velocidade de 64 quilômetros por hora, informou o Simepar | Ivonaldo Alexandre/Agência de Notícias Gazeta do Povo
Os ventos desta quinta (3) chegaram a atingir a velocidade de 64 quilômetros por hora, informou o Simepar| Foto: Ivonaldo Alexandre/Agência de Notícias Gazeta do Povo

Chuva permanece em Curitiba nesta sexta, porém menos intensa

Apesar de o tempo instável continuar a predominar em todo o estado, não há previsão de chuvas intensas para Curitiba e região metropolitana para esta sexta-feira (4). Segundo o Instituto Tecnológico Simepar, a previsão é de que o dia fique parcialmente nublado, com chuvas e trovoadas isoladas pela manhã. Ao longo do dia, a intensidade da precipitação deve diminuir.

A região Norte do PR, no entanto, não deve ficar livre de chuvas mais fortes. A previsão para a área é de que a manhã tenha chuvas mais leves, que irão se intensificar à tarde. Em Londrina, ainda com a chuva mais forte, a temperatura se mantém amena, com mínima e máxima devendo ficar em torno de 17°C e 26°C, respectivamente.

No Leste, Oeste, Litoral e região central do Paraná, a previsão também indica instabilidade, mas com chuvas moderadas.

Chuva fecha o comércio

O "dia do apagão" deve ficar na memória dos curitibanos. Mesmo aqueles que não estavam nos bairros sem luz sentem os reflexos no trânsito e nos serviços públicos. No Centro da capital, muitas lojas fecharam as portas e funcionários foram dispensados. Sem semáforos funcionando, os guardas de trânsito se empenham, mas o trânsito é caótico e muito lento. Dezenas de pessoas se aglomeram em filas nos pontos de ônibus e estações tubo, mas os ônibus têm dificuldade de circular pelas ruas congestionadas. Nas calçadas, um mar de guarda-chuvas de gente tentando voltar pra casa. Boatos sobre os motivos da queda da energia se formam nas esquinas.

O contabilista Antônio Camargo de Souza estava esperando um ônibus na Praça Carlos Gomes, no Centro, em uma grande fila. Ele imaginava que a espera ainda demoraria pelo menos mais duas horas. Souza foi dispensado do trabalho no Centro Cívico depois que o prédio em que trabalha, de 13 andares, ficou completamente sem luz. Por celular, ele conseguiu falar com a filha, de 14 anos, que contou que o caiu o telhado do colégio onde estuda, o Santa Rosa, no bairro Solitude, e os alunos foram dispensados. Ela também avisou o pai que o granizo quebrou o telhado da casa onde moram.

Mais de 8 mil picolés e outras centenas de litros de sorvete podem ser perdidos na sorveteria Delícias do Serrado, também no Centro. Assim que a energia acabou, por volta das 16 horas, o estabelecimento fechou as portas. Segundo as funcionárias, o prejuízo pode ser de até R$ 30 mil.

Na loja Monalisa, que vende bolsas e sapatos, as funcionárias resolveram abaixar a porta quase totalmente, com medo. "Essa rua não é muito segura e somos todas mulheres. Dá medo de acontecer alguma coisa", disse uma delas, que preferiu não se identificar.

A maioria das lojas que continuou aberta tinha poucos clientes – obrigados a pagar em dinheiro, já que boa parte das máquinas de cartão não estava funcionando. Najla Traya, da loja Dunia Modas, diz que é a primeira vez em cinco anos que falta luz por tanto tempo. Em seu estabelecimento, um casal comprava sapatos infantis. "A gente mora longe, lá em São José dos Pinhais, tinha que comprar agora", disse o pintor Sérgio Ferreira Batista, quando perguntado sobre a experiência de comprar no escuro.

A advogada Gracieli Ribeiro estava presa pelo congestionamento em um estacionamento na Rua José Loureiro. "Estou tentando chegar no Barreirinha. Vamos ver se dá certo", comentou. Na hora da entrevista, por volta das 17h, a rua estava quase parada. Muitos carros buzinavam. O Instituto de Identificação da Polícia Civil, na mesma rua, também ficou às escuras. Funcionários disseram que a maioria das pessoas conseguiu atendimento, e apenas duas teriam que voltar no dia seguinte.

Estabelecimentos da região central que permaneceram abertos tinham movimento fraco, mas muitas pessoas entravam nas lojas em busca de guarda-chuvas. Apesar de estarem sem luz, os cafés foram grandes pontos de concentração de quem tentava fugir do aguaceiro.

  • Leitor Hugo Pontini mandou pelo instagram a imagem de estragos da chuva em Curitiba

A tempestade que atingiu Curitiba e região metropolitana (RMC) por volta das 15h30 desta quinta-feira (3) deixou ao menos 64 mil unidades consumidoras sem energia elétrica. Os principais estragos, de acordo com a Companhia Paranaense de Energia (Copel), foram registrados na capital, em Campo Magro e em São José dos Pinhais, na região metropolitana. A falta de energia provocou transtornos também no trânsito da capital. O vento e a chuva deixaram muitas casas danificadas e ocasionaram quedas de árvores e alagamentos em vários pontos.

Somente em Curitiba, 19 bairros ficaram sem energia elétrica. Os mais afetados foram: Mercês, Vista Alegre, Centro, Alto da Glória e Centro Cívico. Às 17h12, o Centro, que é atendido por rede subterrânea, teve o serviço de energia elétrica restabelecido.

Temporal provoca estragos em Curitiba; assista à reportagem em vídeo

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Mapa mostra o caminho percorrido pela tempestade

Quatro horas depois da tempestade, 48 mil imóveis permaneciam sem energia elétrica - levando em conta os três municípios atingidos. Somente em Curitiba, esse número era de 38 mil. Até às 18h30, não havia informações de quando o serviço seria normalizado. Setenta equipes de eletricistas foram acionadas para trabalhar na recuperação das linhas.

Segundo a Copel, o principal motivo que levou à interrupção na energia foi a queda de galhos sobre a rede. O fato causou diversos curto-circuitos e desligamentos preventivos.

Ventos chegaram a 64 km/hora

O Instituto Tecnológico Simepar disse que, das 15h45 às 16 horas, choveu na região 10,2 milímetros. Os ventos chegaram a atingir a velocidade de 64 quilômetros por hora, o que é considerado forte. No entanto, estimativa do radar meteorológico do instituto indica que as rajadas de ventos foram ainda mais intensas na área central da capital. Além de chuvas e ventos fortes, também foram registrados raios e quedas de granizo em vários pontos da região.

O Simepar alerta que áreas de instabilidade ainda predominam na região metropolitana de Curitiba. Por isso, não estão descartadas chuvas fortes em demais pontos da área.

Trânsito

Quanto ao trânsito na capital, a Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) informou que praticamente todos os sinaleiros do Centro e de Santa Felicidade pararam de funcionar. Perto das 21 horas, o tráfego continuava complicado em vários pontos da cidade, sendo os mais críticos nos pontos próximo aos cruzamentos das ruas Ubaldino do Amaral e Souza Naves; da Mariano Torres até a Marechal Deodoro; e na área do Centro Cívico e do Cemitério Municipal. No início da noite, a situação era complicada na Avenida Visconde de Guarapuava, onde havia vários bloqueios nos cruzamentos.

Até o início da noite, 200 semáforos continuavam desligados ou com problemas. Os bairros Vista Alegre e Santa Felicidade tiveram muitos pontos sem energia devido a quedas e rompimentos de cabos. Há também pontos complicados no trânsito no Boqueirão e no Sítio Cercado. O CCO, da Urbs, já está operando parcialmente. Às 19h30, a secretaria informou que havia 110 agentes de trânsito nas ruas.

A orientação era para que as pessoas evitassem sair de carro, e só saíssem em caso de emergência. A Prefeitura informou que ainda não tinha previsão para normalizar a situação.

No transporte público, houve atraso em 150 linhas de ônibus. A Urbs informou que, apesar dos atrasos, não houve acidentes envolvendo os veículos.

Logo após a chuva, a Setran disse que muitos agentes do órgão foram disponibilizados para tentar orientar o trânsito na capital. Porém, em sondagens realizadas pela reportagem, poucos agentes foram localizados na região central da cidade. O trânsito ficou caótico em muitos pontos de Curitiba. Sentido Alto da XV, o tráfego era intenso.

Estragos

Desde o começo da tempestade que atingiu Curitiba até às 18h30 desta quinta-feira, o Corpo de Bombeiros atendeu 70 ocorrências d queda de árvores sobre veículos e casas, além de destelhamentos, em Curitiba e região metropolitana. Ainda havia 50 chamadas aguardando atendimento. Segundo o capitão Taylor Machado, do Centro de Operações dos Bombeiros (Cobom), os atendimentos devem entrar a madrugada e seguir por toda sexta-feira.

Por volta das 20h, o Corpo de Bombeiros seguia com uma demanda de 50 ocorrências para atender, a maior parte relativa a quedas de árvores sobre veículos ou ruas da capital. Quatro pessoas foram atendidas pelo Siate por causa de quedas na calçada, mas não houve registro de nenhum ferido grave.

Em São José dos Pinhais, no bairro Borda do Campo, está sendo montado um posto de distribuição de lonas em uma escola da região. O local exato ainda não foi confirmado pelos bombeiros.

Também no município metropolitano, o Aeroporto Afonso Pena fechou das 16h10 às 16h22. Às 20 horas, o terminal operava por instrumentos.

Veja fotos dos estragos

Danos na Assembleia Legislativa

Os prédios da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), das varas da Fazenda Pública, na Rua Mauá, e da sede da prefeitura de Curitiba também foram atingidos pelas chuvas e a ventania. O Centro Cívico, bairro que concentra a quase todos esses edifícios e a sede principal do governo do estado, virou um cenário de guerra. Placas em cima de árvores, prédios evacuados e muitos galhos espalhados pelas ruas e pela praça Nossa Senhora de Salete.

Os funcionários do prédio das varas da fazenda pública saíram, após o vento balançar as estruturas do edifício, segundo relatos de alguns assessores. Na Alep, uma janela da passarela que liga o prédio do plenário ao da administração caiu, houve destelhamento e todos os servidores também foram para casa. A sede do Tribunal de Justiça ficou com várias goteiras.

No prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), na Praça Santos Andrade, as atividades foram suspensas.

Na Rodoferroviária, placas de aço que cercavam a obra foram carregadas pelo vento para cima do prédio onde fica a empresa Serra Verde. Parte do telhado cedeu, caindo no hall da recepção. Um funcionário da empresa entrou em pânico e foi atendido pelo Samu. Também houve destelhamento na sede da Urbs, atingindo inclusive a Central de Controle Operacional (CCO). Três pessoas ficaram levemente feridas e foram atendidas por socorristas da Defesa Civil e depois pelo Siate. O teto que caiu atingiu dois carros, um deles da Secretaria Municipal de Trânsito.

A Defesa Civil foi para o local e também constatou danos na garagem de locomotivas, ao lado do Viaduto do Colorado. O rio Belém subiu e chegou a encostar na ponte da rua Brasílio Itiberê.

Apesar disso, a Urbs relatou que não houve queda de energia no terminal. As luzes, no entanto, foram desligadas por precaução. Os guichês de venda de passagem continuaram a operar normalmente, e, a princípio, não foram canceladas viagens, nem houve atrasos nas saídas dos ônibus.

Parte do telhado da sede da rádio Banda B, no bairro Vista Alegre, foi arrancado. A rádio publicou em seu site que a redação foi afetada pela chuva e ficou sem energia, mas que a estação não saiu do ar.

As seguintes Unidades de Saúde sofreram com pequenos alagamentos, vidros quebrados, ou falta de luz: Bacacheri, Vila Leonice, Uberaba, Bom Pastor, Pinheiro, Santa Felicidade e Centro de Especialidades. Elas devem abrir normalmente nesta sexta. O prédio da Rua Atílio Bório onde funciona um Serviço de Urgência e Emergência de Saúde foi parcialmente alagado.

A situação afetou também as escolas municipais as escolas municipais Maria de Lourdes (Jardim Acrópole), Professor Brandão, Anna Hella e Herley Mehl, além dos Centros Municipais Infantis (CMEIs) Bracatinga, Centro Cívico, Solitude, Mercúrio, Issa Nacle e Portão. Nestes locais, foram registrados alguns tipos de danos, como destelhamento, quebra de vidros, queda de muros e alagamentos.

O serviço de urgência e emergência da rua Atílio Bório também foi atingido. A prefeitura informou que, devido à tempestade, foi suspensa a emissão de alvarás durante toda a sexta-feira (4).

Telefonia

A tempestade também afetou os serviços de telefonia e internet em Curitiba. No Centro, até às 20 horas, ainda não era possível usar telefones fixos. Os celulares, assim como internet, ficaram por, pelo menos, duas horas sem atividade.

Em nota, a operadora TIM disse que, algumas antenas estão fora de serviço na região central de Curitiba, bem como em São José dos Pinhais. A empresa informou que "lamenta possíveis transtornos aos clientes" e que técnicos já estão nas ruas a fim de restabelecer o sistema.

A Oi declarou, por meio de sua assessoria de imprensa, que, a princípio, não houve danos nas linhas da operadora.

Até às 21h45, não foi possível localizar responsáveis pela GVT.

Quedas de árvores

Segundo a Prefeitura, quedas de árvores foram registradas nos seguintes locais: Avenida João Gualberto, entre as estações João Gualberto até estação Passeio Público, Avenida Cândido Hartmann, Rua José Glospre Sobrinho, Avenida Marechal Floriano Peixoto, Rua Teffé, Rua Mateus Leme, Roberto Barroso, Lysimaco Ferreira da Costa, Iedo De Faria Pinto. Na Avenida Toaldo Tulio, em Santa Felicidade, uma árvore caída obstruiu a via e outra caiu em cima de dois carros.

Em um pequeno trecho entre as ruas João Tschannerl e Des. Hugo Simas, mais de cinco árvores de grande porte caíram na rua e tiveram de ser retiradas por comerciantes da região. Valdemir Borba, funcionário de uma peixaria nas proximidades, conta que a destruição na região foi rápida e intensa. "Em menos de cinco minutos, ouvimos a tempestade forte a as árvores caindo. Uma mulher que estava no carro com um filho pequeno não foi atingida por um triz", relata.

De acordo com o comerciante, voluntários tiveram que retirar as árvores do meio da pista para voltar a liberar o trânsito. "Um moço chegou com um machado e o pessoal desceu dos carros para arrastar as árvores para a calçada. Não dava para esperar os bombeiros chegarem, a gente imaginou que eles iam ter muita demanda".

O empresário Sebastião Queiroz foi outro dos muito afetados pela chuva na capital. Uma árvore caiu em cima da casa dele, no bairro Bom Retiro, deixou um buraco no telhado e danificou o galpão que fica junto à casa. Ele teve computador, televisão e outros eletrodomésticos estragados. Os vizinhos providenciaram lona para cobrir a casa.

Na Avenida Manoel Ribas, segundo a prefeitura, fios de energia elétrica caíram na via, no trecho histórico, entre o Restaurante Madalosso e a rotatória da Via Vêneto. Também há muitas árvores caídas no Parque Barigui e o Jardim Botânico ficou alagado.

Aulas canceladas

Pelo menos duas universidades de Curitiba tiveram de suspender as aulas por causa das fortes chuvas desta quarta.

No campus da Opet do Centro Cívico - um dos bairros mais atingidos pelo temporal, alunos dos cinco cursos presencias oferecido no local tiveram as aulas canceladas na noite desta quinta. A instituição também ficará sem atividades na manhã e na noite desta sexta.

Já na Universidade Tuiuti, as aulas estão suspensas nos campi Barigui e Schaffer até segunda-feira (7). Bacacheri e Mossunguê, aulas normais.

Confira o caminho da tempestade

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