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Segundo advogado, renovação de licença está em trâmite no Ibama | Foto: Divulgação/PF
Segundo advogado, renovação de licença está em trâmite no Ibama| Foto: Foto: Divulgação/PF

A Polícia Federal prendeu na quarta-feira (18) o produtor rural Gerson Bueno Zahdi pelo transporte, armazenamento e corte irregulares de carne de jacaré, em flagrante ocorrido a partir de fiscalização na BR-262, em Miranda, a 203 quilômetros de Campo Grande. Zahdi tem o único criadouro de jacarés no Mato Grosso do Sul e, segundo a polícia, ele não tinha autorização para a criação, abate ou transporte dos animais.

Em nota, a PF divulgou que um carro de propriedade do produtor foi parado em uma fiscalização na BR-262. No veículo, haviam duas caixas de isopor. Em uma delas, foram encontradas 43 cabeças de jacarés, com idade aproximada de um ano, e 96 jacarés inteiros de diversos tamanhos. Em outra caixa, 11 pacotes plásticos com aproximadamente um quilo de filé de jacaré em cada pacote, totalizando 11 quilos de carne. Segundo a polícia, o condutor não tinha documentação de autorização ambiental ou nota fiscal.

A partir desta apreensão, a equipe da PF foi até a fazenda de propriedade de Zahdi, em Aquidauana, onde é mantido um criadouro de jacaré.

No local, foram apreendidos 3.460 jacarés vivos de diferentes estágios de vida, além de 84 peles congeladas e salgadas de jacaré, 50 cabeças congeladas do animal e 110 jacarés inteiros, além da carne e produtos industrializados feitos com o couro do animal.

Os 3.460 animais foram mantidos no local, apreendidos e o produtor foi designado como fiel depositário.

Em Campo Grande, em investigação no caso, os policiais federais confiscaram 420 quilos de peles de jacaré, separados em lotes (cortes do diâmetro do abdômen e das costas). Neste local, também não havia autorização para depósito e comercialização ou nota fiscal.

Segundo a PF, foram presos Zahdi, a esposa e a filha. Ontem mesmo eles pagaram fiança de R$ 27 mil e foram liberados.

Autorização

Segundo a chefe do setor de fauna do Instituto Brasileiro de Recursos Naturais e Renováveis (Ibama), Paula Mochel, Zahdi tem licença regular para criação de jacarés desde 2008, mas precisava de autorização especial de transporte.

O delegado da Polícia Federal Mário Nomoto disse que entrou em contato informalmente com o Ibama e que Zahdi estaria "desamparado de licença ambiental". Nomoto ratificou que o produtor não tinha autorização e que a licença estava expirada.

"Causa um pouco de estranheza um servidor, que tem um empreendimento, de iniciativa privada, e pertencente ao órgão de fiscalização, não ter licença". Zahdi é funcionário do Ibama há 30 anos e está em processo de aposentadoria.

Segundo o delegado, entre os crime cometidos pelo produtor estão ainda abuso de licença concedida pelo Ibama, manutenção de depósito de subproduto de animais sem autorização e formação de quadrilha pela quantidade de pessoas envolvidas na criação. A PF diz que agora vai identificar os compradores da carne e os curtumes que compravam a pele em outros estados.

Em entrevista ao G1, Gerson Zahdi admitiu que a carne encontrada no veículo em fiscalização na BR-262 estava sem nota fiscal. Segundo ele, as cabeças seriam submetidas a processo de taxidermização e os animais estavam sendo levados para exame, para averiguar a causa da morte.

O advogado Danilo Freire, que representa Zahdi, diz que a renovação da licença está em tramitação no Ibama e, neste meio tempo, mesmo expirada, a atividade não estaria prejudicada. Freire acrescentou que ainda irá tomar conhecimento de todo o caso para prestar mais informações.

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