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Os usuários do Santander Cycles ficam em média 30 a 60 minutos com a bike. Um novo app, vindo de Oxford,o Cycle.land chegou no último dia 10 a cinco cidades para mudar esse conceito. | Andrea Kambanis/Creative Commons
Os usuários do Santander Cycles ficam em média 30 a 60 minutos com a bike. Um novo app, vindo de Oxford,o Cycle.land chegou no último dia 10 a cinco cidades para mudar esse conceito.| Foto: Andrea Kambanis/Creative Commons

Seja em São Paulo, Fortaleza ou Paris, quem empresta uma bicicleta pública fica de olho no cronômetro. O usuário tem, no máximo, 60 minutos para devolver o veículo em alguma estação. Agora um aplicativo quer ser o “Airbnb das bicicletas”, com aluguéis de pelos menos 24 horas de duração, o que pode ser uma solução para quem precisa ter o veículo à disposição o tempo todo.

O Cycle.land nasceu em Oxford, em abril deste ano, para resolver uma demanda local: ali moram muitos estudantes da universidade, e a ideia era que eles compartilhassem suas bikes entre si. No último dia 10, o app ampliou para outras cinco cidades da Inglaterra, entre elas Londres, que já conta com o Santander Cycles.

Mas a ideia não é competir com o modelo atual. Ao jornal londrino City A.M., a fundadora da startup, Agne Milukaite, explicou que, em função da forma de pagamento, os usuários do Santander Cycles ficam em média 30 a 60 minutos com a bike. “Em Oxford vimos que os usuários do Cycle.land geralmente ficam com as bicicletas por três dias ou mais, alguns emprestam por até três meses”.

A ideia é buscar soluções diferentes para diferentes usos da bicicleta. Sistemas como os das “bikes laranjinhas” brasileiras são pensados para áreas densas da cidade, onde as pessoas fazem viagens curtas e circulam durante todo o dia. Já um aluguel diário pode ser mais vantajoso para um turista que quer conhecer a cidade pedalando, um intercambista, ou para quem não tem uma estação por perto, mas quer ter uma bicicleta à sua disposição. Para um usuário frequente e permanente, ter a sua própria bicicleta pode ser a melhor opção.

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As bikes anunciadas no Cycle.land não são caras. As diárias mais altas saem por 15 libras. Cerca de R$ 58, o que é salgado para o turista brasileiro, mas pouco perto do salário mínimo britânico (que é medido em hora, mas na jornada brasileira seria em torno de R$ 1,5 mil). Além disso, é possível encontrar bikes por 50 centavos de libra ao dia e até de graça. Dá para alugar tanto pelo site quanto pelo aplicativo

No Santander Cycles, a diária sai por duas libras para uma viagem de até 30 minutos. O tempo excedente é cobrado em duas libras a cada 30 minutos, limitado a 24 horas, no máximo. No Bike Sampa a diária sai de graça, e a hora extra é cobrada em R$ 5.

Outras plataformas já oferecem serviços no estilo Airbnb. No Spinlister, os usuários podem anunciar bikes, pranchas de surfe e de snowboard. O site atua presente em 12 cidades dos Estados Unidos e em três da Europa (entre elas Londres). Mas a plataforma é aberta para anúncio de usuários de outros países. No Brasil há anúncios dispersos em cidades como São Paulo, Fortaleza, Florianópolis e Curitiba.

No Brasil, a plataforma WeBike gerencia um serviço similar. A startup surgiu de forma tímida, na região central de Porto Alegre. As bicicletas ficam em pontos comerciais e o agendamento é feito pela internet. Atualmente, a startup tenta arrecadar R$ 30 mil em um financiamento coletivo para uma expansão ousada.

A empresa desenvolveu cadeados inteligentes, que podem ser desbloqueados por um aplicativo de smartphone. O dinheiro é para financiar a produção destas travas (os “welocks”). A ideia, no melhor estilo “quinta geração do bikesharing”, pode permitir a expansão do serviço em escala massiva.

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“Airbnb“ não basta

O “Airbnb das bikes” é uma ótima opção para turistas. Mas ainda é insuficiente para resolver o problema dos usuários que não são contemplados pelos sistemas tradicionais de compartilhamento de bicicletas, na opinião do advogado Rodrigo Vitório, da Associação Transporte Ativo. “É uma iniciativa muito particular, não é uma política pública, e a gente tem que pensar a bicicleta como política pública”.

Ele sugere que a criação de uma frota pública de bicicletas, de caráter massivo. Ai cada cidade pode direcionar os veículos conforme sua demanda. Pode ser que a iniciativa privada dê conta de colocar bikes na região central, por exemplo, e aí caberia ao poder público subsidiar as demais regiões. Há cidades em que a bicicleta é utilizada para uma ligação com o metrô ou terminal de ônibus, a chamada “ultima perna” do transporte; em outras, a bike pode ser o único meio.

Isto não significa que o governo deve subsidiar todo o sistema. “O modelo de financiamento ainda está sendo discutido. Pode ser uma parceria público-privada, patrocínio por publicidade, outras fontes de financiamento. Mas o que é consenso universal é que o poder público precisa se envolver, garantir o mínimo para os sistemas operarem. E é isto que a gente vai ter que discutir nos próximos anos, no Brasil”, opina Vitório.

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