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Mobilidade urbana

Smartphones sobre rodas? Carros inteligentes desafiam mobilidade urbana

Carros inteligentes podem facilitar vida do usuário, mas incentivo à cultura de um automóvel por pessoa vai na contramão de políticas atuais de planejamento urbano

Trânsito na Avenida Marechal Deodoro, em Curitiba | Daniel Castellano
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Trânsito na Avenida Marechal Deodoro, em Curitiba (Foto: Daniel Castellano /Gazeta do Povo)

Dizem que o carro pode ser o novo smartphone. A tecnologia para isso já existe, são os carros conectados. Além disso, Google e Baidu têm protótipos de veículos autônomos, que prescindem de motorista, porém, ainda carecem de regulação. Mas não é só a legislação o entrave para a produção dessas máquinas em larga escala. Do ponto de vista da mobilidade urbana, povoar as cidades com um veículo personalizado para cada habitante seria um problema. Encontrar soluções para que o veículo individual funcione como um modal complementar, que facilite e traga ganhos para o trânsito, foi um dos temas em debate sobre o “carro como dispositivo móvel das cidades”, nesta quarta-feira (30), no SmartCity Business, em Curitiba.

Conectar o carro com o transporte público pode ser uma maneira de torná-lo mais “inteligente”, defende o executivo Flávio Lima, da fabricante Renault. Com carro e ônibus conectados à internet, ambos podem conversar entre si, e informar o usuário qual a melhor hora para sair de casa, levando em conta o trânsito do trajeto, por exemplo. O carro não pode voltar sozinho para a garagem, por enquanto. Mas Lima destaca que o compartilhamento de veículos já é uma realidade e pode ser uma saída para evitar que o automóvel fique ocioso, apenas ocupando uma vaga de estacionamento durante todo o dia.

O conforto pesa a favor do automóvel individual. Mas a tecnologia também pode ajudar, “e muito”, a melhorar a atratividade do transporte público, na opinião do gerente de mobilidade urbana da Volvo, Ayrton Amaral. Ele cita a cidade de Goiânia, que instalou um sistema de telemática para facilitar a vida dos engenheiros de tráfego e, de quebra, possibilitou que o usuário acompanhe o trajeto do seu ônibus em tempo real – por meio de um aplicativo para smartphone.

Para o poder público, houve aumento da eficiência. É possível identificar quando um veículo está preso no trânsito e colocar mais um ônibus para operar naquela linha, por exemplo. O resultado foi uma queda de 10% no custo da operação de controle, o que possibilitou à capital de Goiás transformar o dinheiro do investimento inicial em lucro, em menos de três anos, segundo Amaral.

Curitiba

Em Curitiba, toda a frota é monitorada de forma remota. A cidade optou por disponibilizar os dados de forma gratuita, por editais de open data, para empresas de aplicativos de itinerários e horários de ônibus. O mesmo ocorreu com relação aos aplicativos de táxis. Além disso, start-ups procuram o município para propor soluções inovadoras, explica Roberto Gregório, presidente da Urbs, que administra o sistema de transporte da capital paranaense.

“Os deslocamentos do futuro, cada vez mais, vão ser pelo transporte público. A próxima fronteira de uma cidade inteligente é como agregar valor a este deslocamento, com uso da internet, ter informativos dentro transporte, e até soluções simples, como as tubotecas”, defendeu Gregório, em referência às estações de leitura instaladas nas estações-tubo, onde o usuário pode pegar ou depositar livros, revistas e outros itens de leitura.

O momento é propício. A partir da revisão dos planos diretores, as cidades brasileiras hoje estudam a criação de planos de mobilidade. Em Curitiba,Gregório aposta na criação de zonas diferenciadas de mobilidade, o que poderia evitar a emissão de carbono em determinadas áreas, por exemplo. Essas medidas precisam de regulamentação, mas também de soluções tecnológicas para serem colocadas em prática.

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